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Amado pela nova classe média, aeroporto e suas contradições viram tema de espetáculo em SP

Atores passam parte da peça pendurados de cabeça para baixo - Foto: Mariana Chama/Divulgação

A nova classe média descobriu que viajar de avião pode ser mais prático e, muitas vezes, mais barato do que o velho ônibus rodoviário. Tal mudança de comportamento colocou o aeroporto na rotina de muitos brasileiros.

Contudo, nem sempre os terminais aéreos são lugares aprazíveis. Afinal de contas, é preciso conviver com o outro, muitas vezes bem diferente de nós. Muitos terminam sendo lugares onde os órgãos de vigilância exercem repressão infundada, como os casos de deportação de brasileiros no aeroporto de Madri, na Espanha.

E é o ambiente eclético de um aeroporto que a Cia. Solas de Vento escolheu para servir de pano de fundo para seu espetáculo Homens de Solas de Vento, em cartaz no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo.

Dirigida por Rodrigo Matheus, fundador do Circo Mínimo, a peça conta a história do encontro de dois estrangeiros e utiliza técnicas circenses como acrobacia e trapézio. Bruno Rudolf, que ganhou o prêmio da APCA (Associação Paulsita de Críticos de Arte) pela atuação na montagem A Volta ao Mundo em 80 dias, e Ricardo Rodrigues estão em cena na dramaturgia criada pela dupla. O diretor defende o trabalho dos dois.

— Os atores criaram um espetáculo contundente, imaginativo e belo. Bruno e Ricardo têm uma química inesquecível de trabalho, da dedicação à pesquisa aos  incontáveis litros de suor gastos na experimentação e ensaios.

Rudolf conta que, na encenação, não fica clara a nacionalidade dos personagens.

— Pode ser um branco e um negro, um europeu ou um latino, qualquer pessoa. A peça envolve uma relação de convivência, aproximação, brigas, algo que está na vida de todo ser humano.

Rodrigues afirma que os movimentos corporais dos atores ajudam a ilustrar tais relações.

— O circo desenha muito bem as cenas, o corpo tem uma clareza na hora de passar informação.

A montagem tem trilha sonora eclética composta pelo argentino Marcelo Lujan e iluminação assinada por Douglas Valiense e Maria Druck. Tanto o som quanto a luz ajudam a dar o tom repressivo que muitos aeroportos apresentam no mundo de hoje, onde a vigilância, sobretudo pela ameaça terrorista, é constante.

Homens de Solas de Vento
Quando:
sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Até 20/5/2012
Onde: Teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295, Lapa, São Paulo, tel. 0/xx/11 3864-4513)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada); haverá apresentações grátis nos dias 3 e 10 de maio, às 21h
Classificação: 12 anos

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