Magiluth em SP: seis homens moram juntos em apartamento no Minhocão para viver de teatro
Por Miguel Arcanjo Prado
Foto de Bob Sousa
Os atores pernambucanos do Magiluth vivem a “nossa linda juventude”. Por conta da temporada de três peças que fazem até julho na Funarte, em São Paulo, Um Torto, O Canto de Gregório e Aquilo que Meu Olhar Guardou para Você, eles alugaram um apartamento enorme, com vista linda de morrer para o centro, defronte ao Minhocão.
Foi lá que nos receberam de um jeito despretensioso, íntimo e caloroso no fim da manhã da última terça-feira (18).
Com idade entre 23 e 30 anos, os seis atores, Pedro Vilela, Lucas Torres, Mario Sergio Cabral, Giordano Castro, Erivaldo Oliveira e Pedro Wagner, curtem morar juntos na metrópole.
Quando batemos à porta, alguns saíam do banho. O apartamento é uma espécie de QG dos Novos Pernambucanos do Teatro, apelido que receberam deste jornalista em referência aos Novos Baianos, que sacudiram a música brasileira nos anos 70. “Só a Baby está difícil de achar”, brinca Pedro Wagner.
Mas mulher não faz falta no apartamento no 10º andar do edifício numa esquina da avenida São João. “É que mulher às vezes é muito chata”, confessa Erivaldo. Pedro Vilela parece não concordar. Conta que sua esposa, Mariana, chega nos próximos dias para uma curta temporada no apê.
Novidade de Recife
O grupo surgiu em 2004, quando integrantes da extinta Cia. Gambiarra se juntaram aos primeiros elementos do Magiluth (Marcelo Oliveira, Giodarno Castro, Lucas Torres e Thiago Liberdade – Magiluth é a somatória das primeiras sílabas dos quatro nomes originais). “Somos o KLB do teatro”, gargalham, entre uma tragada e outra no cigarro. Apesar da saída de Marcelo e Thiago, o nome foi mantido.
De cara, os meninos saídos do curso de licenciatura em teatro da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) conquistaram o jovem público recifense, sedento pela novidade: intimista, o Magiluth faz um tipo de teatro incomum no Nordeste. Sempre quiseram fazer o deles, sem vontade de “entrar na noia de teatro de produtores” nem embarcar na limitação de apenas dar aula. “Somos atores, viciados em teatro”, explica Pedro Wagner.
A grande virada veio em 2009, quando começaram a viajar. Porto Alegre, Brasília, São Luís, Rio, Guaranhuns, São Paulo e Curitiba foram desbravadas.
Turbulências e amizades
Quem sofre com tantas viagens é Giordano, que até grita dentro do avião, dependendo da intensidade da turbulência. Para infelicidade do rapaz, já passou por tudo: de turbina com defeito a voo arremetido. Toma remédio para dormir, mas os comprimidos só fazem efeito quando chega ao destino. “As viagens de avião para mim são intermináveis”, confessa.
A participação no projeto Rumos, do Itaú Cultural, em 2011, foi fundamental para selar laços com outras companhias. Se ajudam desde então.
Bem quistos pela turma do teatro, os rapazes já estão ambientados em São Paulo, apesar de sofrerem nos dias de muito frio. Acostumaram-se até com os viciados em crack nas ruas do centro. Nem se assustam mais. Curtem tudo tanto que dizem “não saber ainda o que vai ser a volta ao Recife”. É que os retornos sempre são seguidos de crise.
Entretanto, jamais negam as origens. “É preciso sempre olhar seu quintal para depois olhar o quintal de fora”, diz Mario. Giordano completa: “Somos do Recife. Nossas referências estão todas lá”, enquanto oferece um biscoito.
É à beira do rio Capibaribe que fica a sede alugada do grupo. Que sonham um dia ser própria. “A gente nunca conseguiu projeto nenhum nosso ser aprovado nos editais de Pernambuco. Só conseguimos editais de outros Estados ou nacionais”. Uma vergonha, autoridades pernambucanas.
“Depois de São Paulo e do Festival de Curitiba, a repercussão foi enorme com nosso trabalho”, conta Lucas, satisfeito de ver que o grupo também conquistou a imprensa especializada.
E pelo jeito o sucesso vai continuar, já que, no fim de julho ocupam o Teatro Vila Velha, em Salvador. Depois, se apresentam no Rio, no começo de agosto, com uma versão só com homens para Viúva, Porém Honesta, do centenário Nelson Rodrigues.
Caos e festa junina
Mas eles curtem mesmo é o presente, coletivo. Aproveitam a vida boa, fazendo o que mais gostam.
Para dar ordem ao caos do apartamento de seis machos, dividem as tarefas domésticas. Na geladeira, fica a escala de quem lava a louça. Foi preciso a burocracia do papel, porque “tiveram alguns probleminhas”.
Como bons pernambucanos, são festeiros. Prometem para breve celebração junina que vai abalar o prédio. Vão chamar amigos íntimos que fizeram na cidade. “Vocês estão na lista de convidados”, nos contam. Lisonjeados, Bob e eu confirmamos: “É claro que vamos”.
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