Caríssimo internauta,
Desde os tempos de faculdade na UFMG, resolvi fazer uma crônica semanalmente. Ultimamente, saía quando dava. A partir deste domingo, tomo vergonha na cara e aproveito este espaço para torná-la, outra vez, periódica. Todo domingo tem texto novo. Afinal, além de falar de teatro, refletir é sempre bom. Espero que goste.
Abraços,
Miguelito
Quando nada sobra e nada falta
Por Miguel Arcanjo Prado*
Num mundo tão individualista, é prazeroso ver quando algo em grupo funciona. Perceber que no lugar da ambição mesquinha de passar por cima dos outros possa existir o trabalho honesto e crível em prol do bem comum.
Essa foi a maior lição que tive nesta semana, ao conhecer de perto os seis atores pernambucanos do grupo Magiluth: Pedro Vilela, Lucas Torres, Mario Sergio Cabral, Giordano Castro, Erivaldo Oliveira e Pedro Wagner.
Os moços já haviam chamado minha atenção no Festival de Curitiba, em março, no Teatro Paiol. Apesar das ressalvas que fiz à obra que vi por lá, Aquilo que Meu Olhar Guardou para Você, fiquei impressionado de como eles tinham uma verdade juntos.
Na última terça, resolvi tirar a limpo a história. Estive com o fotógrafo Bob Sousa no apartamento que eles alugaram de frente para o Minhocão, no centro paulistano. Lá, vivem durante os dois meses em que ocupam a Funarte da alameda Nothmann com três peças de sexta a domingo: Um Torto, O Canto de Gregório e Aquilo que o Meu Olhar Guardou para Você.
Pude constatar in loco o que já desconfiava: os meninos têm uma energia que funciona no conjunto. É meio mágico o jeito que eles se completam no palco e na vida. Até na hora de dar entrevista parecem orquestrados por uma energia invisível que faz o equilíbrio. Cada um tem seu brilho, seu trilho, sua função, sua presença.
Além disso, estão curtindo a vida como ninguém nessa temporada quente na metrópole fria. Após a apresentação de O Canto de Gregório neste sábado, fizeram festa junina para celebrar São João.
Como são pernambucanos, a celebração foi feita nos conformes, com direito a decoração de bandeirinhas multicores e folhas de palmeiras espalhadas pelo apartamento, além de quitutes deliciosos preparados por Mariana Holanda, mulher de Pedro Vilela, que veio do Recife diretamente para colocar os rapazes nos eixos.
Clima gostoso. De gente jovem reunida. De cuca fresca. De coisas inteligentes a serem ditas e ouvidas. Ambiente raro na dureza da cidade que os meninos do Magiluth, os Novos Pernambucanos, quebram com seu talento e sua força artística de grupo.
Saiba como ver as peças do Magiluth em São Paulo
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e gosta de fazer amigos.
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