Em mês olímpico, atores correm 42 km no palco
Por Miguel Arcanjo Prado
Quando tinha 12 anos, o ator Anderson Muller foi assaltado na praia do Leblon, no Rio. Petrificado, ouviu dos bandidos: “Corra sem parar e não olhe para trás”. No desespero, correu de forma desenfreada até Copacabana, onde ficava o apartamento de seus pais. Apesar do susto e do trauma, descobriu na corrida um prazer do qual jamais conseguiu se desvencilhar e que agora transforma em arte.
Ao lado de Raoni Carneiro, ele está no espetáculo Maratona de Nova York, que estreia em São Paulo nesta sexta (6), no Teatro Cacilda Becker, na Lapa.
A corrida mais almejada do mundo, com seus 42 quilômetros de puro charme cosmopolita, é o pano de fundo para o encontro de dois maratonistas.
Sob direção de Bel Kutner, Anderson Muller e Raoni Carneiro dão vida a dois esportistas, Mario e Steve, que treinam para a prova.
A peça estreia justo no mês de começo das Olimpíadas de Londres. Muller, que também assina a produção, explica que não foi de caso pensado. Trata-se daquelas coincidências boas da vida. Está tão empolgado, que deseja ficar em cartaz na capital paulista até 2013.
Beth Rabetti traduziu o original escrito pelo italiano Edoardo Erba, montado pela primeira vez no País. Carneiro conta que a coreógrafa Denise Stutz teve papel fundamental na preparação física do elenco.
— Tanto eu quanto o Anderson gostamos muito de esporte, mas ela me fez mexer com músculos que eu desconhecia. Apesar do esforço físico, ela nos fez impor uma linguagem teatral à corrida.
A obra ainda tem iluminação de Paulo César Medeiros e direção de arte de Mauro Vicente e Charles Boggis, além de trilha sonora de André Abujamra.
Bel Kutner, a diretora, destaca a “simplicidade a agilidade da conversa dos dois personagens” como ponto forte da obra. Ela, que se dividiu entre os ensaios e as gravações da novela Gabriela (Globo), tentou fazer com que o esforço físico dos atores em cena.
—Pretendo que os atores consigam passar todo prazer, toda a endorfina dos atletas, sem tensão, sem dor. Com muito suor.
Tanto Muller quanto Carneiro destacam esse encontro em um momento de superação física como metáfora para os obstáculos da vida. O primeiro crê que é aí que mora a beleza da obra. E aproveita para alfinetar.
— Teatro não é só para rir e achar lindo.
Peça tem novidade tecnológica
Para dar mais impacto às cenas noturnas de corrida dos dois personagens, a produção resolveu ambientá-los em pontos turísticos de São Paulo, como a avenida Paulista e a ponte Estaiada. Para tal, a produção contratou os videomakers Mauro Vicente e Charles Boggis, que captaram imagens em vídeo de 360 graus com câmera com seis lentes em alta definição, iguais àquelas usadas pelo Google em seu Street View. As cenas, de beleza impressionante, serão projetadas durante o espetáculo.
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Maratona de Nova York
Quando: sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Até 29/7/2012.
Onde: Teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295, Lapa, São Paulo, tel. 0/xx/11 3864-4513)
Quanto: R$ 20
Classificação: 12 anos
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