Quando criança, ouvia empolgado o relato de minha prima Luciana sobre sua ida ao Playcenter, em uma de suas viagens a São Paulo para visitar parentes paternos.
Luciana, que tem um talento incomparável para contar histórias, dizia em pormenores como havia sido sua passagem por cada um daqueles brinquedos até então inconcebíveis para mim. Afinal, nos parquinhos de Belo Horizonte nada havia semelhante.
Eu ficava impressionadíssimo e fantasiava em minha cabeça aquela aventura. Como deveria ser tudo ir ao Playcenter! Era meu sonho de menino de infância simples.
Demorou bastante, mas realizei. Minha estreia no Playcenter foi em fevereiro de 2007, aos 25 anos. Estava pela primeira vez em São Paulo, onde cursava o Curso Abril de Jornalismo, da Editora Abril.
O meu grupo de trabalho, o da revista Superinteressante, precisava fazer um especial de TV sobre o medo. A mim, repórter foca, coube vivenciar a aventura de despencar do alto dos 60 metros do Turbo Drop, o elevador mais temido do Playcenter, para que tudo fosse registrado por uma câmera, inclusive minha tremedeira e pernas bambas depois.
Lembro-me que, mesmo trabalhando, aquela ida ao Playcenter teve um sabor de aventura. Pensei comigo: quero voltar depois com calma, para pagar a dívida com minha infância.
Como não poderia deixar de ser, aproveitei umas férias em que meu irmão Gabriel e meu primo Caio estavam por São Paulo, e resolvi que nosso grande passeio seria viver as aventuras do Playcenter.
Fomos todos crianças outra vez naquele dia, subindo e descendo a montanha-russa, ficando de ponta-cabeça no Evolution e correndo, desesperados, dos monstros dentro do Castelo dos Horrores.
Ao saber da notícia do fechamento definitivo do parque, como tantos outros, fui tomado por um sentimento de nostalgia. Tanto que fiz questão de voltar lá, neste último fim de semana, para fazer uma reportagem especial para a editoria São Paulo do R7. Fui acompanhado de gente querida para ver o parque pela última vez, dar meu adeus.
Passei este sábado de fila em fila nos brinquedos do Playcenter. Ri, brinquei, gritei, me diverti. Um dia maravilhoso, de sol, temperatura agradável e gente de todos os tipos se alegrando junta. Antes de ir embora, tiramos uma foto na entrada do parque. Tal qual um menino, fiz meu registro, para depois mostrar aos coleguinhas que eu estive lá, no Playcenter, horas antes de seu fim.
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e gosta de se sentir criança.
Olha só o Playcenter, de fato para os hoje trintões, as antigas crianças menos abastadas da Belzonte dos anos 80 o playcenter era um sonho. Na verdade os “coleguinhas” ricos sonhavam com a Disney (sim naquela época, seja pela idade, seja por razões econômicas os EUA eram bem mais longe e andar de avião uma coisa inimaginável – hoje quando passei por circunstâncias da vida viajar quase semanalmente de avião vejo que porre são os aeroportos – mas retornando, os menos abastados mas ainda abastados se contentavam com Beto Carreiro e os demais sonhavam com o playcenter. Para falar a verdade não sei bem porque nada disto me cativava muito. Mas de fato era um frisson entre a meninada ir ao playcenter, ir a São Paulo. Fazer uma excursão, viajar sem os pais. Enfim de fato anos 80. Belo Horizonte que não existe mais. Mas melhor mesmo é ler meu colega (de colégio, cursinho pré-vestibular e mesmo de faculdade) e diria amigo Miguel Arcanjo que além de bom repórter é excelente cantor. Abços do amigo antropólogo Carlos Eduardo. Ah neste fim de semana comentei com um amigo em comum (neste caso meu amigo desde a época de grupo) que tendo morado em Campinas lhe devo uma visita.
Lindo texto, vai deixar muitas saudades mesmo o Playcenter! Abraços
Olha só o Playcenter, de fato para os hoje trintões, as antigas crianças menos abastadas da Belzonte dos anos 80 o playcenter era um sonho. Na verdade os “coleguinhas” ricos sonhavam com a Disney (sim naquela época, seja pela idade, seja por razões econômicas os EUA eram bem mais longe e andar de avião uma coisa inimaginável – hoje quando passei por circunstâncias da vida viajar quase semanalmente de avião vejo que porre são os aeroportos – mas retornando, os menos abastados mas ainda abastados se contentavam com Beto Carreiro e os demais sonhavam com o playcenter. Para falar a verdade não sei bem porque nada disto me cativava muito. Mas de fato era um frisson entre a meninada ir ao playcenter, ir a São Paulo. Fazer uma excursão, viajar sem os pais. Enfim de fato anos 80. Belo Horizonte que não existe mais. Mas melhor mesmo é ler meu colega (de colégio, cursinho pré-vestibular e mesmo de faculdade) e diria amigo Miguel Arcanjo que além de bom repórter é excelente cantor. Abços do amigo antropólogo Carlos Eduardo. Ah neste fim de semana comentei com um amigo em comum (neste caso meu amigo desde a época de grupo) que tendo morado em Campinas lhe devo uma visita.