Bárbara Bonnie, uma grande atriz em formação
Por Miguel Arcanjo Prado
Bárbara Bonnie sabe o que quer. Talvez, por isso, seja tão interessante. Faz, não vacila. Corre atrás com ritmo e velocidade. Falar com ela é complicado. A menina de 25 anos não para.
Brinco que é mais fácil conseguir entrevistar Juliana Paes do que marcar um horário com ela. Ela ri, sentada na plateia do Teatro do Núcleo Experimental já vestida com as roupas de Moema, a protagonista da peça Senhora dos Afogados.
Conta que também está em cartaz em outra peça, o infantil Canção de Amor em Rosa, além de fazer a websérie Botolovers, dirigida por Caroline Fioratti, com mais de 40 mil visualizações no YouTube – sua primeira incursão no vídeo. Vive uma jovem com dois namorados.
Como se não bastasse, se prepara para estrear até o fim do ano Judas em Sábado de Aleluia, também com o Núcleo Experimental do diretor Zé Henrique de Paula, além de fazer de publicidade sempre que pinta.
—Já não tenho mais vida. Vivo das personagens.
Dias antes da entrevista, numa correria danada, ela conseguiu dar um pulo na sede da Record, na Barra Funda, onde fizemos as fotos que ilustram essa reportagem. O sol do meio dia não a deixava abrir os olhos. Ela ria por conta disso… Diante da agenda corrida, a conversa ficou para depois.
Bárbara Bonnie chamou a atenção do blog quando interpretava uma cantora de rádio no espetáculo de rua Barafonda, com a Companhia São Jorge de Variedades. Barbara cantava e parava os transeuntes.
De volta à plateia do Núcleo, ela conta que nasceu em São Paulo, mas é filha de pais baianos, seu Waldir Oliveira e dona Vanda Santana. Tem um irmão mais novo, Leo, de 23 anos, que sonha em ser músico.
Foi criada na região do Ipiranga, na zona sul da cidade. Desde pequenina só queria uma coisa: ser atriz. Aos 14, chegou em suas mãos um panfleto do Teatro Escola Macunaíma. Não pensou duas vezes e levou o curso a sério até o fim.
Na peça de formatura, fez Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com direção do mesmo Zé Henrique de Paula, então seu professor. Naquele momento, não era a protagonista, Moema, como agora. Fazia papel pequeno. Era uma das prostitutas do cais.
Depois, fez graduação de Artes do Corpo, na PUC-SP. Em 2010, fez o CPTezinho, o curso para atores iniciantes de Antunes Filho no Sesc Consolação. Diz que “aprendeu a respirar” com o mestre.
Do CPT, partiu para a turma da Barra Funda, ao entrar para a Cia. São Jorge de Variedades. Participou desde o início do projeto de Barafonda, o aclamado espetáculo que contou a história do bairro operário.
— A Georgette Fadel [diretora da peça] foi da minha banca no TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] na PUC. Foram dois anos de pesquisa para Barafonda existir.
O fato de ter virado uma cantora na peça – Bárbara também canta em Senhora dos Afogados – não foi por acaso. Fã de Chico Buarque, sempre gostou de cantar. Na adolescência, criou com amigos do prédio a banda de reggae Mariola Roots. Ela ri ao lembrar desses tempos, mas fala que os outros integrantes são seus amigos até hoje. Diz que foram eles quem a elegeram em junho deste ano a Musa do Teatro R7, ao votarem em seu nome aqui no Atores & Bastidores.
— Foi muito engraçado, porque usamos o conceito de musa da rádio para criar minha personagem em Barafonda. Atravessava a cidade cantando vestida de vermelho de bolinha em cima de uma bicicleta amarela. E depois eu virei Musa do Teatro R7. Brinco que alcancei o objetivo da personagem [risos].
Quando fica triste ou feliz, costuma ouvir Carta ao Tom, de Toquinho e Vinícius. É só começar a escutar os versos “Rua Nascimento Silva, 107, você ensinando pra Elizete…” que se sente bem.
Sobre a vida amorosa, diz que está bem, mas não prefere guardar seu amor só para si. Quando mudo o assunto para onde ela quer chegar, responde de uma vez só, sem pestanejar, daquele jeito intenso e enfático que Bárbara Bonnie tem.
— Eu quero me tornar uma grande atriz.
Pelo jeito, já é.
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