Tadeu Ibarra substitui Alberto Guzik em duas peças e diz: “Lido com respeito a uma memória presente”
Por Miguel Arcanjo Prado
O grupo de teatro Os Satyros se despede, nesta sexta-feira (28), no Sesc Santo André, em São Paulo, da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues.
A montagem dirigida por Rodolfo García Vázquez traz uma curiosidade: a participação do jovem ator carioca Tadeu Ibarra substituindo pela segunda vez o ator Alberto Guzik, que morreu em 2010.
Em conversa com o R7, em um café no centro de São Paulo, Tadeu revela que a primeira peça que viu dos Satyros foi Liz, no Rio, que tinha Guzik no elenco. Esta foi a única imagem que guardou do ator, já que acabou não o conhecendo pessoalmente.
A paixão pelo teatro que o grupo da praça Roosevelt fazia foi tão grande que levou Tadeu a abandonar a incipiente carreira como advogado – havia acabado de se formar em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – para se juntar à trupe paulista.
Quando chegou, Guzik já estava internado. Contudo, viu de perto a dor do grupo com a perda do ator e também jornalista de respeito na área cultural.
Com os novos amigos, foi à missa de sétimo dia de Guzik, na Igreja da Consolação, em frente à sede dos Satyros.
— Quando o Guzik morreu estávamos no processo do espetáculo Roberto Zucco. Foi muito difícil para todos. Era uma tristeza tão grande que achamos que a peça nem estrearia. Os Satyros são como uma família. E havíamos perdido um membro.
Em meio à dor, a arte precisou continuar, e Tadeu foi chamado pelo diretor Rodolfo García Vázquez para substituir Guzik na mesma peça Liz, que foi decisiva para a vinda dele a São Paulo.
Depois, com a remontagem de Vestido de Noiva, espetáculo originalmente de 2008, mais uma vez Tadeu ficou no lugar deixado vago por Guzik.
— A responsabilidade é maior por substituir alguém tão querido. Sinto que estou lidando com uma memória presente. Tenho um respeito enorme por isso.
Tadeu lembra que a peça Vestido de Noiva é “muito de coxia” e que as lembranças estão por todos os lados.
— A Helena Ignez, atriz da peça, me disse que olhava para mim e se lembrava do Alberto Guzik. A Phedra de Córdoba, que também é do elenco, fala do Guzik o tempo inteiro. Eu fico arrepiado…
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