Em Um Divã para Dois, Meryl Streep mostra que dignidade é melhor caminho para salvar o amor
Por Luciana Rafaela Duarte, em Buenos Aires
Especial para o Atores & Bastidores*
Entramos para ver o filme Um Divã para Dois em um cinema de Buenos Aires e percebemos que a grande maioria dos presentes é composta de senhoras e senhores.
Óbvio, a sinopse propagandeia que uma mulher casada aprende alguns truques pra reanimar seu casamento.
Mas também se podiam perceber carinhas jovens, curiosas por descobrir tais truques ou mesmo pra conferir o trabalho de dois grandes nomes do cinema: Meryl Streep e Tommy Lee Jones. Afinal, são atores muito queridos por públicos diversos.
Meryl é uma esposa que se sente triste pela distância que o tempo cravou entre ela e o marido. Não mais disposta a suportar esse vazio, vai em busca de algo que possa sacudir suas vidas tão acomodadas ao trabalho, jantar em casa, TV.
Não, ela não quer entregar os pontos, jogar a toalha e fingir que está tudo bem. O que chama atenção na personagem, é que mesmo em meio a situações que fazem florescer a ira, mágoa e mesmo raiva, ela consegue juntar tudo isso, mostrando que não está contente. E propõe uma saída com gentileza peculiar numa situação tão dramática (eles nem dormem mais no mesmo quarto).
Ela respira fundo, bem fundo… E dá o tom que os problemas enfrentados com amor devem ter.
Mas nem tudo são flores. Ele, embora tenha ido com ela pra tal terapia, é resistente até o último momento. Ele a ama, mas desaprendeu a arte do amor, aquelas coisinhas tão boas, que fazem o dia e a vida valerem a pena…
Um toque, um beijo, sinais de desejo… E se enfurece por ela o fazer passar momentos “constrangedores” diante do terapeuta, a quem ele xinga descaradamente. Bem, não vou contar toda a história. Vejam e tirem suas próprias conclusões.
Mas o que de fato me chamou a atenção foi perceber que mais importante que o nível do problema, é a maneira de conduzir as coisas.
Educação, empatia, inteligência e amor são fundamentais. Sabemos que em épocas como a nossa, de muito trabalho e demanda econômica e social cada vez mais pesadas, muitos casais, mesmo jovens, encontram dificuldade em manter a cumplicidade, o companheirismo , o tesão…
A saída mais imediata é ir encontrar outro parceiro, ou começar com sessões diárias de agressão sem fim. Mas, não são fugas acertadas.
A personagem de Meryl vai por outro caminho e mostra a relevância de se tratar todo e qualquer assunto com dignidade.
Geralmente dá certo.
*Luciana Rafaela Duarte é pedagoga, estuda comunicação social na Universidade de Buenos Aires e escreveu esta crítica a convite do blog.
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Mais uma vez , obrigada ao meu queridíssimo Miguel Arcanjo por ceder-me este espaço. Sucesso e vida longa ao Blog! Beijos.