Entrevista de Quinta – Pedro Vilela, ator e diretor
Fotos de Bob Sousa O ator e diretor pernambucano Pedro Vilela é o homem que faz acontecer o grupo Magiluth, de Recife.
Para fechar com chave de ouro eles ainda comemoram a aprovação dos projetos do grupo no Funcultura de Pernambuco – coisa inédita até então.
Barbudão e de fala tranquila, Pedro Vilela conversou com o Atores & Bastidores do R7 nesta Entrevista de Quinta.
Leia com toda calma do mundo:
Miguel Arcanjo Prado – Qual o balanço que você faz do Trema!?
Pedro Vilela – Nesta primeira edição, saímos com saldo extremamente positivo. Tivemos uma excelente média de público nos espetáculos e abrimos uma via de pensamento sobre o teatro de grupo em Recife. Já estamos pensando a próxima edição, buscando articulações e com o desejo de ampliarmos as ações.
Miguel Arcanjo Prado – De onde veio a ideia de fazer o festival?
Pedro Vilela – Queríamos um espaço de encontro e compartilhamento de grupos teatrais. Conseguimos reunir gente de Minas, do Paraná, de São Paulo e aqui de Recife. Tem muitos eventos aleatórios que não deixam nada para a cidade. O desejo é antigo. Foi um projeto arriscado. Fizemos sem nenhum dinheiro captado. Tudo é através de parcerias. Encontramos grupos que toparam essa parceria, que toparam alterar a rota e colocar Recife no caminho. O projeto em si tem um pensamento coletivo. Vem do desejo de encontrar-se. Ninguém veio ganhar dinheiro, mas trocar uma ideia.
Miguel Arcanjo Prado – E vai ser anual?
Pedro Vilela – A ideia é que seja anual e que possa crescer cada vez mais. No próximo ano, queremos captação de recursos. A ideia é aumentar a programação e receber mais grupos de Recife. A gente tem que fazer muita atividade condensada.
Miguel Arcanjo Prado – Mas como fizeram um festival sem grana?
Pedro Vilela – A gente tenta se virar nos 30 [risos]. O Trema! teve uma equipe de colaboradores muito fortes que ajudaram a tocar o festival. Conseguimos parceria com o Sesc Pernambuco, que deu a hospedagem, e também com uma rede conveniada de restaurante. As pessoas vieram sem cobrar cachê. O festival é onde aponta o teatro de grupo, que criam estratégias de circulação e compartilhamento. São os próprios grupos descobrindo maneiras de circular. Se a gente não se une para construir alternativa de sobrevivência fica muito difícil.
Miguel Arcanjo Prado – É difícil fazer teatro em Recife?
Pedro Vilela – As dificuldades encontradas em Recife não são muito diferentes do resto do País. Questões de captação, fomento, crise de público… Precisamos estar juntos – nós, artistas – em buscar de entender em qual mercado estamos inseridos e como podemos agir perante ele. E acima de qualquer coisa, cobrar do poder público as parcerias que são necessárias.
Miguel Arcanjo Prado – Falando em parceria, vocês ganharam um edital agora…
Pedro Vilela – Tivemos o prazer de aprovar quatro projetos no Fundo de Cultura de Pernambuco, o Funcultura. Com eles realizaremos manutenção de pesquisa, de temporadas e circulação dos espetáculos. Ou seja, 2013 já se abre com muitas ações para realizar o que nos deixa bastante motivado para trajetória.
Miguel Arcanjo Prado – Pelo que vi, 2012 foi um ano excelente para o Magiluth, com a participação no Festival de Curitiba, a temporada de dois meses em São Paulo e ainda apresentações no Rio e em Salvador. Quais são os próximos passos de vocês?
Pedro Vilela – Estamos em busca de uma nova sede. Precisamos de um espaço novo que possa agregar todas as ações que desejamos realizar em Recife. Um local onde possamos realizar nossas temporadas, que possamos gerir da maneira que acreditamos e acima de tudo um ponto referencial para o público recifense. Estamos próximos disso.
Miguel Arcanjo Prado – Sua esposa, a Mariana Rusu, está sempre com vocês nos projetos, ajudando na produção. Como é ter uma mulher que apoia seu trabalho artístico?
Pedro Vilela – Uma felicidade só. Tive a sorte de encontrar na minha trajetória uma mulher/esposa/amante/produtora. É minha joia. Preciso cuidar pra não perder! [risos]