Com 78 horas de arte na Roosevelt, Satyrianas chega à 13ª edição com muitas histórias para contar
Por Miguel Arcanjo Prado
Quem curte o frenesi da vida cultural tem programa obrigatório em São Paulo entre as 18h desta quinta (1º) e o último do domingo (4): dar um pulo na 13ª edição da Satyrianas.
O evento teatral idealizado pela Cia. Os Satyros fará 78 horas ininterruptas de atrações na praça Roosevelt, reduto artístico da capital paulista. Além de contar com 15 espaços, quatro tendas serão montadas na praça, recém-reformada (veja a programação completa).
Mas não só o teatro terá vez, como também música, dança, artes visuais, debates e até uma aguardada batalha de MCs.
E o que não faltam nas Satyrianas são boas histórias.
O Atores & Bastidores do R7 correu atrás de descobrir as mais folclóricas de todas. Além disso, conversamos com três artistas que contaram situações inusitadas vividas no evento. Veja todas as histórias a seguir:
Histórias folclóricas das SatyrianasTrote e festival
As Satyrianas começaram quando o fundador dos Satyros Ivam Cabral ganhou de presente de um amigo demitido uma agenda com telefones de vários famosos. Depois de passar muitos trotes, ele resolveu convidar celebridades para um festival teatral inventado por conta do acontecimento inusitado. Vanusa (foto) foi a madrinha da primeira edição. A história é contada por Ivam no filme Satyrianas – 78 horas em 78 minutos (leia a crítica).
Vanusa deu o cano
Na primeira edição, realizada em 1991, a musa insipiradora Vanusa, que cantaria Manhãs de Setembro às 6h da manhã no Teatro Bela Vista, deu o cano na produção e não apareceu. Melhor para o público, né?
Diretor de Pijama
Em uma das edições, o diretor do grupo Os Satyros, Rodolfo García Vázquez (foto), recebeu uma reclamação sobre o barulho na praça, de madrugada. Teve de sair de casa para resolver. O engraçado é, que como estava dormindo, foi de pijama mesmo.
Mama África e o bebum
Em uma sessão da obra Uroborus realizada às 6h, só havia três espectadores: um pedinte gaúcho bêbado abraçado a uma garrafa de cachaça, uma mulher perdida e o cantor paraibano Chico César, aquele da Mama África.
Me deixem dormir!
Revoltado com os rojões que a turma do teatro disparava a cada instante, um morador da praça Roosevelt ameaçou o diretor Rodolfo García Vázquez. O problema é que Zé Celso Martinez Corrêa, que ainda não havia sido informado da ameaça, chegou à praça estourando mil rojões.
Cavalgada polêmica
Falando em Zé Celso (foto), ele foi centro de um processo por atentado contra a paz e a ordem pública que as Satyrianas recebeu. Tudo porque o diretor resolveu sair do Teatro Oficina, no Bixiga, e caminhar até a praça Roosevelt com a atriz Patrícia Aguille nua, montada em um cavalo.
O chilique de Gerald
Como sempre, Gerald Thomas surtou em sua participação nas Satyrianas. O motivo da revolta? Não havia dois microfones sem fio em sua tenda no Dramamix, como ele havia exigido ao acertar sua participação. O que o ego não faz, né, minha gente?
Galisteu faz polêmica
Adriana Galisteu foi alvo de uma perseguição do Coren (Conselho Regional de Enfermagem) do Rio de Janeiro. Tudo porque saiu uma foto em um jornal carioca com sua participação nas Satyrianas como uma enfermeira sexy. Com certeza não ouviram Vinicius dizendo que beleza é fundamental.
Agora, três atores contam suas histórias nas Satyrianas…
Cléo de Páris e o povo na caçamba
Nas Satyrianas, acho que de 2006, resolvemos colocar uma caçamba em frente ao Satyros Um. A ideia é que fosse um palco aberto. Qualquer pessoa podia adentrar a caçamba e fazer o ato que quisesse. Um ator conhecido tirou toda a roupa e declamou um poema! Algumas pessoas faziam cenas, outras discursavam… Mas o que mais acontecia, era assim: uma pessoa entrava e começava a cantar: “Um na caçamba, apenas um na caçamba, um na caçaaaaaaaaaamba, apenas um na caçamba”. Daí vinha outro e os dois cantarolavam: “Dois na caçamba, apenas dois na caçamba…” Só que todo mundo foi se empolgando com a brincadeira e tinha horas que ficava muita gente na caçamba cantando. Teve uma noite que a caçamba ficou hiper lotada, acho que era algo como: “Trinta na caçamba, apenas trinta na caçamba, Trinta na caçaaaaaaaaaaaaaaaamba”. A caçamba balançava com toda aquela gente pulando, parecia que ia tombar a qualquer instante! Foi quando algum vizinho morador do prédio do Satyros, irritado com a gritaria, jogou um monte de ovos! Ficamos todos melecados. Aí acabou a brincadeira. Acho que foi até bom, porque, se virasse, teria sido bem pior [risos]. Mas sempre acho que devemos recuperar a nossa divertida e estimada caçamba!” (Foto: Bob Sousa)
Júlia Bobrow e o sumiço do arquivo
“Em 2008, o diretor Luiz Valcazaras me convidou para atuar em Observatório. Foi a primeira apresentação daquele ano e nosso cenário era simples: um móvel tipo arquivo, uma escada e balões vermelhos. Quem se apresentou depois da gente assistiu nossa montagem e ao final pediu o arquivo emprestado, pois se “encaixava perfeitamente ao cenário” pensado por ela. Emprestamos. Ao final daquela apresentação, o arquivo ficou na tenda, pois era pesado e tirá-lo demandava muito esforço. E não é que o tal arquivo foi incorporado pelo cenário de praticamente todas as demais apresentações? O problema foi que ao final da Satyrianas, com toda correria da desmontagem, o tal do arquivo simplesmente sumiu. Nunca mais tive notícias dele… Até que, três anos depois, já para estrear a peça Roberto Zucco no Satyros, estávamos arrumando o teatro quando o diretor Rodolfo Garcia Vazquez comenta, dirigindo-se a um técnico: “Eu não tenho a menor ideia de onde surgiu este trambolho, mas a gente precisa se livrar dele!”. Quando olhei, para minha surpresa, era ele, o ARQUIVO, o protagonista do DramaMix de 2008! Um adendo: não levei o arquivo embora e não tenho ideia do seu paradeiro. O arquivo era do Luiz Valcazaras e espero que ele não leia esta reportagem. Se o arquivo reaparecer na Satyrianas deste ano, vou fingir que não o conheço. E ponto final.” (Foto: Arquivo pessoal)
Valmir Martins de bucho cheio no restaurante
“Nas Satyrianas 2011, fiz parte do projeto Ouvi Contar, em que dramaturgos aprendizes da SP Escola de Teatro traziam textos curtos para serem lidos em apartamentos da praça Roosevelt. Fiz A Doce Vida de Sebastiana, de João de Freitas e Não Tenho Tempo Pra Lua Lá Fora, de Mayra Bertazzoni. Para o primeiro, Doce Vida de Sebastiana, fomos ao apartamento da Bel, do La Barca, de frente ao Teatro Cultura Artística. Éramos um elenco de cinco pessoas, mais o dramaturgo e a diretora Camila Oliveira num apartamento com mais quatro pessoas. Já não cabíamos todos nós e ainda chegariam 15 pessoas. Bel estendeu a mesa com uma série de quitutes e fiquei encantado. Tinha tanta comida, mas tanta comida, que nem quando chegou o público ainda aquela comida acabou. Fiz a leitura de bucho cheio. Saindo de lá, ainda tinha a outra leitura. Só que o dono do apartamento, com quem já tinha sido combinado tudo, não estava. Sumiu. E, improvisando loucamente, novamente recorremos ao… La Barca. A leitura foi dentro do restaurante. Eu e a atriz Marina Morena, conduzidos pelo diretor Durval Mantovanini, tivemos que improvisar, nos esguelando para sermos ouvidos, afinal, a Praça Roosevelt estava em ebulição!” (Foto: Arquivo pessoal)
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