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Inferno na Paisagem Belga legitima estética do fracasso com paixão de Verláine e Rimbaud

Robson Catalunha e Ivam Cabral em cena de Inferno na Paisagem Belga – Foto: André Stéfano

Por Miguel Arcanjo Prado

Tudo parece meio improvisado. É a impressão que o público tem ao chegar e ver a movimentação dos atores no palco. De repente, eis que Ivam Cabral, líder do elenco dos Satyros, toma o microfone. Defende a estética do fracasso com veemência. Começa Inferno na Paisagem Belga, a nova montagem dos Satyros, que aborda a paixão visceral entre os poetas Paul Verláine (1844-1896) e Arthur Rimbaud (1854-1891) e que encerra a temporada de 2012 nesta quinta (20), no Espaço dos Satyros 1, em São Paulo.

Thiago Capella e Henrique Mello – Foto: André Stéfano

Com a sempre inventiva encenação de Rodolfo García Vázquez, calcada na estética underground e no caldeirão de referências que vão de The Doors a Joy Division, o quarteto formado por Cabral, Robson Catalunha, Thiago Capella Zanotta e Henrique Mello defende os dois personagens.

O espetáculo cumpre a função de contar a história da relação tórrida entre aqueles dois homens especiais na Paris do século 19. Estão lá elementos universais para uma bom roteiro, como o desejo, a paixão, a ambição e a violência.

A utilização da projeção de imagens e trechos de poemas, em diálogo com a iluminação de Flávio Duarte, leva o espectador a viajar em um clipe psicodélico da vida dos dois artistas, como se todos estivessem mergulhados em um transe bate-estaca. Tudo embalado pela visceral sonoplastia aos cuidados de Diego Mazutti.

 Elenco

Catalunha é destaque no elenco – Foto: André Stéfano

Geralmente, Vázquez se dá bem ao encobrir com a encenação as incapacidades de seu elenco. No quarteto, enquanto Cabral lê o texto em um tablet – artifício já usado na peça anterior do grupo, Cabaret Stravaganza –, quem mais se destaca é Robson Catalunha, o mais presente e consciente em cena. Capella cumpre a função de ser um corpo que a plateia deseje, e Henrique Mello, no dia em que o blog viu a peça, tinha grande dificuldade para articular o texto.

Mas até isso se encaixa na estética proposta pelos Satyros, que a tudo consegue justificar com seu bem fundamentado discurso. O grupo o defende com tanta crença que a gente até acredita.

Inferno na Paisagem Belga
Avaliação: Regular
Quando: Quinta (20), 21h (última apresentação)
Onde: Espaço dos Satyros 1 (praça Roosevelt, 214, Centro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3258-6345)
Quanto: R$ 20
Classificação: 18 anos

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