Crítica: Cabaret – E o Tal Mundo Não se Acabou, do Núcleo Experimental, quase chega lá
Por Miguel Arcanjo Prado
Foto de Bob Sousa
As mazelas fazem parte da vida de um artista assim como da de qualquer ser humano. Contudo, o público sonha em acreditar que a vida daqueles que estão no palco é diferente, embarcando profundamente na ilusão que teatro proporciona.
E é essa magia o ponto forte do gênero cabaret, que teve sua maior força na Europa do século 20, assolada pelas duas Grandes Guerras Mundiais. Se o ar, por conta de disputas políticas e bélicas, estava irrespirável naquele então, os artistas noturnos serviam para criar uma atmosfera de ilusão e festa, mesmo que esta durasse apenas até a manhã seguinte.
Com dramaturgia de Thiago Ledier e direção de Fernanda Maia, Cabaret – E o Tal Mundo Não se Acabou busca esse clima de show de variedades. E coloca como pano de fundo a brincadeira, ainda pertinente, com o não-fim do mundo em 21 de dezembro de 2012, conforme teriam previsto os maias.
Como boa diretora musical que é, Fernanda consegue dar mais brilho às vozes, com os arranjos simples e certeiros, porque nem todos cantam a contento. Já as coreografias, simplórias por demais, não chegam a chamar a atenção. Alguns corpos parecem perdidos em cena, mesmo quando não é o objetivo.
Apesar de tentar embarcar na leveza do gênero, a dramaturgia envereda por um ambiente bem mais denso. Mas os textos poéticos perdem força ao serem ditos em tom declamatório por boa parte do numeroso e irregular elenco, formado por Adriana Alencar, Adriana Fonseca, Aretê Bechelli, Bibi Piragibe, Bruno Gael, Claudia Miranda, Cy Teixeira, Danilo Rodriguez, Juliana Calderón, Nabia Villela, Natasha Sonna, Priscilla Oliva, Rafaela Cassol, Thiago Carreira, Tony Germano, Valmir Martins e Vivi Bertocco.
Assim, após um rodopiar de belas mulheres com figurino provocante, o público pode ser bofeteado com um cru relato de abuso sexual infantil. Nada mais desconcertante. Não bastasse, o tom festivo mantido depois às duras penas acaba por banalizar o que foi dito.
O Núcleo Experimental é um dos melhores espaços teatrais da cidade, sempre com vasto repertório de peças intimistas e provocantes. A grande máxima do espaço é manter o lugar vivo com uma troca constante de montagens. E inovar sempre implica em correr riscos. Às vezes, não dá tão certo. Cabaret – E o Tal Mundo Não se Acabou foi uma tentativa de o grupo se aproximar de um gênero difícil. Quase chegaram lá.
Cabaret – E o Tal Mundo Não se Acabou
Avaliação: Regular
Leia também:
Fique por dentro do que os atores fazem nos bastidores
Descubra agora tudo o que as belas misses aprontam
Tudo que você quer ler está em um só lugar. Veja só!
Achei a foto mais com uma “vibe” para ROCKY HORROR PICTURE SHOW. Vai ver a cara da Liza Minnelli é forte demais para tirar da mente!?:)
Vou reenviar minha mensagem, pois o “post” anterior não saiu. Deve ter sido falha operacional. Disse que senti uma “vibe” na foto meio ROCKY HORROR PICTURE SHOW, mas vai ver porque o rosto da Liza Minnelli é um ícone muito forte quando se lê a palavra CABARET em se tratando de alguma produção artística.