Crítica: Cheio de Brasil, Gonzagão envolve público e faz brilhar Laila Garin e Adrén Alves em Curitiba
Por Miguel Arcanjo Prado*
Enviado especial do R7 ao Festival de Curitiba
No meio da programação da mostra oficial, que trouxe poucos espetáculos que realmente mexeram com o público do Festival de Teatro de Curitiba, caso do sul coreano Pansori-Brecht, ver uma obra que envolve os espectadores é alentador.
Este é o caso de Gonzagão – A Lenda, musical dirigido por João Falcão com a história do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, cujo centenário foi celebrado em dezembro do ano passado.
Com um elenco afinado e coeso formado por nove atores-cantores e quatro músicos virtuosos, o espetáculo faz, com simplicidade e ar mambembe, um gostoso passeio por 30 canções do mestre pernambucano nascido em Exu (PE).
Apesar da unidade presente no elenco, dois atores ainda conseguem se destacar, por suas possibilidades vocais e artísticas.
A primeira é Laila Garin. Única mulher em cena, ela tem uma voz inacreditavelmente suave, além de presença e carisma que a faz desejada não só por todos os homens da trupe quanto por qualquer espectador com alguma libido.
O ator Adrén Alves também é outro que tem a mesma qualidade. Com uma aparência andrógina, reforçada pela direção, ele cabe tanto em papeis masculinos quanto femininos – e faz todos muito bem. O mesmo que Ney Matogrosso faz na música o garoto consegue fazer no palco teatral. Daí seu destaque inquestionável.
Se o cenário de Sergio Marimba não impressiona tanto – mas que seja dado o destaque para os adereços, como as sanfonas estilizadas -, o figurino assinado por Kika Lopes enche o tablado de cor e vida.
Apesar de a proposta de contar uma vida riquíssima, a encenação consegue agilidade, fazendo com que o público não desanime. As músicas bem executadas contribuem para o crescente interesse do espectador.
Outro acerto é a iluminação de Renato Machado, que dialoga o tempo todo com a dramaturgia, servindo para reforçar sentimentos que surgem, sejam de felicidade ou de tristeza. Duda Maia é responsável pela direção de movimento, e não coreografia, que fique bem claro. Se a dança fosse assumida em alguns momentos com maior profissionalismo e inventividade, o espetáculo ganharia muito mais.
Apresentado no gigante Teatro Positivo, o espetáculo deu aquela sensação de que seria um êxito retumbante se fosse levado para as ruas. Porque é uma obra com exagero de Brasil, do jeito que nosso povo gosta.
Gonzagão – A Lenda
Avaliação: Bom
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Que bom que Gonzagão esteja sendo celebrado! E parabéns à Laila, Adrén e aos demais integrantes do espetáculo!