Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo atrai público interessado em ver teatro com opinião
Por Miguel Arcanjo Prado
Nos últimos dias, em meio aos dançarinos de street dance que treinam seus passos no saguão do Centro Cultural São Paulo se mistura um público ávido por ver gente diferente no palco. São os espectadores da 8ª Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo, evento que vai até domingo (21) com 11 espetáculos gratuitos de sete países.
Gente como o professor de história Alisson Santana, morador de Perdizes, bairro da zona oeste paulistana e apaixonado por teatro, que assistiu à montagem peruana Halcon de Oro – Q’orihuana, do Centro de Experimentación Escénica de Lima.
– O teatro me envolve muito mais que o cinema. Costumo frequentar o Tusp e o Centro Cultural São Paulo. Acho interessante uma mostra como essa, que permite conhecer coisas novas.
O estudante Rodrigo Margulhão, de 20 anos, também assistiu ao espetáculo, o primeiro peruano de sua vida.
– Gosto muito de teatro, mas sempre como público, pelo menos por enquanto. A gente tem de aproveitar um evento como esse.
A publicitária Amanda Farias, de 30 anos, conhece o evento há três anos, e diz “gostar do contato com os grupos latinos”. Sua amiga, a estudante de teatro Vanessa Rodrigues, de 25 anos, gostou muito do espetáculo Flor de Macambira, do Coletivo Teatral SerTão Teatro, de João Pessoa (PB). Ela afirma que “acha importante conhecer a arte de outros lugares”.
Mulheres lindas
E o intercâmbio também acontece do outro lado. O diretor chileno Rodrigo Molina Meza, do Teatro Rabia, que apresentou o espetáculo Cara de Cuero nesta sexta (19), diz que “é muito importante sair do nosso país e ter contato com outros públicos”. Ele conta ainda que ficou impressionado com São Paulo, “uma cidade tão grande e diversa”. E ainda fez uma confissão: “As mulheres brasileiras são lindas. Estou com torcicolo de tanto olhar”.
Revelações à parte, a colega de grupo e atriz Mirta Traslaviña Acosta diz que “é um desafio duplo” apresentar uma obra no Brasil e em espanhol para um público que fala português. “Mas o desafio é fascinante. Dá uma vertigem gostosa”, diz. Ao que o colega e ator Herman Heyne completa: “Apostamos em um teatro urbano e com certa crítico social. Esperamos ter comunicado com as pessoas daqui”.
Verdadeira especialista em teatro com forte teor crítico, a diretora do grupo carioca Nós do Morro, Fátima Domingues, que apresenta o espetáculo Bandeira de Retalhos neste sábado (20), às 21h, considera a troca possibilitada pela mostra “algo maravilhoso”. Ela ficou encantada com a atriz porto-riquenha Thereza Hernandez, que apresentou o espetáculo Coraje II. Diz que quer “levá-la para a favela”.
– A força dela me colocou em suspensão. Saber que existem outros caminhos só trazem aprendizado. Não temos de criar uma única forma de fazer teatro. O barato é perceber que há caminhos diferentes. Esse tipo de movimento deixa a gente mais forte para continuar.
O corrdenador da mostra, Alexandre Roit, diz que “a tendência é de crescimento de público no fim de semana”. E faz um importante aviso: “É bom chegar às 16h para garantir o ingresso, porque vai ter muita procura”.
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Bom para quem mora aí e que é inteligente de aproveitar. Enquanto isso, em outros estados da federação, inexistem essas oportunidades. Com uma mostra latinoamericana como essa, só não vai realmente quem não quiser… 11 espetáculos de 7 países? Soa tão bom!
Este trabalho que o Miguel está fazendo é fundamental para o nosso teatro e ele o está fazendo com categoria. Do experimental ao teatro comercial de qualidade, temos que saudar sua dedicação e atenção às duversas formas de expressão cênica.
Ney Piacentini.
Ney, apenas tento reverberar a rica producao teatral que há em nossas terras. E você é o cara chave neste proceso. Obrigado por prestigiar meu trabalho!