Rael mostra personalidade ao seguir seu coração
Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Nego Júnior
Aos 30 anos, o cantor Rael está maduro e sabe o que quer. Já atingiu a maturidade de fazer suas escolhas na vida e na arte. Aprendeu que é responsável por si mesmo.
Seu segundo álbum, Ainda Bem que Eu Segui as Batidas do Meu Coração, do selo Laboratório Fantasma, de Emicida, é a mais clara prova deste atual momento do músico.
Rael não é mais da Rima, apelido que o deixou conhecido. Mas o é também. E ainda é pop, é reggae, é soul, é samba, é hip hop, é música negra e brasileira que pulsa em seu ritmo. Ele se apropria de sons e os recria à sua forma, trilhando seu rumo “devagarinho” como canta na faixa Caminho. Sabe que é degrau a degrau.
O rapper continua com os pés no chão e uma visão de mundo que remete à sua origem de menino simples do Grajaú, na zona sul paulistana. O cantor é crítico ferrenho da desigualdade social, da violência contra negros e pobres. Sabe que sua música tem posicionamento político, como evidencia na faixa Diferenças.
Continua o combativo Rael do primeiro álbum, MP3 – Música Popular do 3º Mundo, mas um tanto quanto adocicado pelo amor, como a romântica faixa Só Faltou Você deixa bem claro. A canção é uma das mais belas declarações de amor da música brasileira atual. Rael é do palco, dos fãs, mas também é de sua família. Não se deslumbra com as facilidades fáceis e falsas que um nome conhecido produz.
O show do segundo disco evidencia exatamente esta nova fase. Rael surge alinhado e elegante, de gravata – frouxa, claro, porque ele não é nenhum coxinha –, cheio de charme e com aquela sensualidade que tem o homem feito. Aquele que que sabe o que é. O que quer.
Rael levanta o público. Joga os braços. Samba com gosto. Se movimenta com segurança, envolve, seduz. Segue, sem pestanejar, o rumo da direção que apontam as batidas de seu coração. O que faz muito bem.
Rael – Show do disco Ainda Bem que Eu Segui as Batidas do Meu Coração
Avaliação: Ótimo
Quando: Domingo (26), às 18h. Única apresentação.
Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, tel. 0/xx/11 3340-2000)
Quanto: R$ 18 (inteira)
Classificação etária: 10 anos
Baixe o disco Ainda Bem que Eu Segui as Batidas do Meu Coração, de Rael
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Eu sinto forte dificuldade em criar simpatia por Emicida porque o nome artístico desse artista já é por si só excludente de uma tribo, os emos. Se alguém criasse um nome como Sambicida, certamente o povo iria criar uma algazarra enorme. Então, lamentavelmente, não consigo gostar desse artista que escolheu um nome que, para mim, soa bem infeliz. Detalhe: não sou emo e nem sei muito como eles são (confundo emos com góticos, pois não sou de uma geração assim tão jovem).