Por Miguel Arcanjo Prado
Que os anos 1970 foram uma grande década, isso é mais do que certo. Época da contracultura, dos hippies, dos jovens do mundo buscando um ideal de paz em vez de guerra, praticantes do amor livre, antes que a Aids viesse devastar tudo, junto com a fúria careta-direitista dos governos de Ronald Reagan, nos EUA, e Margareth Tatcher, na Inglaterra.
A década já foi alvo de muitas obras, que sempre tentam ir ao encontro de sua atmosfera artística “pura” e efervescente. A montagem Horses Hotel, que encerra temporada neste domingo (2), no Rio, é mais uma tentativa de recuperar o período. Ou fazer um olhar (romântico) sobre ele.
Contudo, se os anos 1970 foram marcados pela originalidade, a obra é massacrada pela obviedade e falta de criatividade. O que surge aos olhos do público é um anos 1970 novaiorquino de butique. Parece mais um devaneio supostamente libertário de jovens bem nascidos da zona sul carioca, do que homenagem artística de fato.
É claro que há garra e boa vontade no trio de atorese formado por Ana Kutner, Renato Linhares e Emanuel Aragão, que contam ainda com a companhia do músico Roberto Souza. Mas não basta.
A dramaturgia de Alex Cassal é inconsistente, e a direção, assinada por ele e Clara Kutner, está perdida. Há vazios e quebras de ritmo constantes.
Como se não bastasse, o elenco cisma em cantar e tocar (mal) em cena. Assusta saber que houve direção musical, assinada por Amora Pêra e Paula Leal.
Repleta de clichês dos anos 1970, a montagem não chega a convencer. Ou comover. Não assusta nem quando o elenco fica desnudo.
O enredo mostra jovens artistas marginais habitando o decadente Horses Hotel, em Manhattan. Vivem o amor livre e os ditames da liberdade, no que a produção chama de “love story punk rock”.
Há muitas referências, que vão desde o clássico filme Blow-up, de Antonioni, à pop art profética de Andy Warhol.
Mas, na verdade, se você quiser entrar mesmo no clima dos anos 1970 em Nova York, é melhor ler o livro City Boy, de Edmund White. Será bem mais aprazível.
Horses Hotel
Avaliação: Fraco
Quando: Domingo, às 20h. Até 2/6/2013
Onde: Oi Futuro (r. Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio, tel 0/xx/21 3131-3060)
Quanto: R$ 20
Classificação etária: 16 anos
Curta nossa página no Facebook!
Leia também:
Fique por dentro do que rola no mundo teatral