Ícone da dança brasileira, Augusto Omolú é encontrado morto em sua casa na Bahia
Por Miguel Arcanjo Prado
Foi encontrado morto, na manhã deste domingo (2), o bailarino e coreógrafo baiano Augusto José da Purificação, conhecido como Augusto Omolú. Ele tinha 50 anos.
O Atores & Bastidores do R7 conversou com o capitão da PM baiana Raimundo Marins. De acordo com o policial, o caseiro chegou para trabalhar chácara de Omolú, na praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, cidade da Grande Salvador, por volta das 7h, quando se deparou com o corpo do patrão. Logo, acionou a PM.
Os policiais encontraram perfurações provocadas por arma branca no corpo do artista. A casa estava com sinais de que houve luta corporal entre ele e o assassino.
A 23ª Delegacia Territoral de Lauro de Freitas vai investigar o crime. Ainda não há pistas do criminoso. A perícia da Polícia Civil esteve no local para recolher provas.
Augusto Omolú foi um dos fundadores da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Ele ainda era diretor assistente do Balé do Teatro Castro Alves.
O coreógrafo era reconhecido mundialmente como grande estudioso das danças africanas.
Ele começou a estudar dança no Balé Folclórico do Sesc baiano, em 1976. Três anos depois, entrou para a Escola de Dança do Teatro Castro Alves, onde se formou em dança clássica.
Em 1993, começou a colaborar com o renomado Ista (International School of Theatre Anthropology), dirigido por Eugenio Barba.
A partir de 2001, passou a integrar o Odin Teatret, também de Barba. Atuou nas montagens internacionais Ode ao Progresso, As Grandes Cidades ao Abrigo da Lua, Sonhos de Andersen, Ur-Hamlet e Oro de Otelo.
Desde 2002, dava seminários mundo afora sobre danças afro-brasileiras. Recentemente, ministrou um workshop na SP Escola de Teatro, em São Paulo.
Protesto na Bahia e homenagem na Argentina
A classe artística baiana organiza uma manifestação para esta segunda (3). Vão pedir que o assassinato de Omolú tenha punição. O encontro está marcado para as 8h desta segunda, na porta da Escola de Dança da Funceb, no Terreiro de Jesus, no Pelourinho, em Salvador. Os amigos do coreógrafo pedem que os manifestantes usem roupas brancas.
A notícia da morte de Augusto Omolú repercutiu internacionalmente. O R7 conversou com integrantes do Bada (Buenos Aires Danza Afro), na Argentina. Omolú estava com oficina agendada por lá para agosto deste ano.
O percussionista Mauro Mazzarella contou que, desde 2002, o coreógrafo baiano fazia intercâmbio cultural com o grupo portenho.
—Recebemos com muita tristeza a notícia da morte dele. Queremos homenageá-lo com um encontro de todos os artistas aqui na Argentina que trabalharam com ele. Vamos fazer um tributo a Agusto Omolú.
A bailarina e coreógrafa Marcela Gayoso, companheira de Mazzarella no Bada, contou que fez vários seminários com Omolú e, inclusive, esteve com ele no Odin Teatret, na Dinamarca, onde participou de um workshop.
— Estou muito sensibilizada com esta terrível notícia. Ele era um artista muito generoso e nos convidou para apresentarmos nosso trabalho em Salvador. A relação dele com as pessoas era sempre próxima e carinhosa. Tenho um profundo agradecimento pela riqueza cultural que ele nos transmitiu. Augusto Omolú tinha um rico trabalho, mas era generoso para compartilhá-lo com o mundo inteiro.
*Com informações da TV Itapoan
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