Crítica: Ciranda chora, ri e brinca com memórias
Por Nina Ramos, no Rio
Especial para o Atores & Bastidores*
Ciranda causa um efeito engraçado. Ao mesmo tempo em que você ri com as situações mais fantasiosas criadas pela autora da peça, Célia Regina Forte, é possível se colocar no lugar de qualquer uma das duas personagens em cena e permitir que a emoção tome conta. É, acima de tudo, uma peça humana.
Boina e Lena, mãe e filha, foram minuciosamente criadas por Daniela Galli e Tania Bondezan, sob a batuta do diretor José Possi Neto. O cuidado extremo foi mais do que necessário para que a ponte entre as atrizes e os espectadores não fosse bamba. A confiança que elas depositaram na história transforma o alegórico em quase possível.
A relação mãe e filha (e depois, num segundo ato, a neta entra na roda), já tão explorada em textos teatrais, novelas e romances, ganha novo respiro com Ciranda. Despretensiosamente, você acaba relacionando determinada fala com seu cotidiano, se lembra de uma tia distante que se assemelha com a “roqueira sem banda”, como Boina chama Lena, e se pega soltando um “é verdade” sonoro após uma reação de Sara, a neta.
Quando Célia apresentou o texto para Dani Galli, em 2007, ela contou para o blog que ficou com dois pés atrás e achou que era muita vida para pouco palco. Mas as diferenças e semelhanças de Boina, Lena e Sara foram perfeitamente moldadas pelo cenário e figurinos de Fábio Namatame. Que delícia de sala de estar!
— Uma curiosidade interessante é que nós montamos o cenário também com peças pessoais nossas. Eu trouxe caixinhas, quadros, coisas que me fazem também me sentir em casa.
Visivelmente apaixonada pelo projeto, Dani conta que além de satisfação profissional, já que a temporada de sete meses em São Paulo foi um sucesso de público e crítica, Ciranda lhe proporcionou uma troca de conhecimento riquíssima.
— Em São Paulo, além do circuito comercial, nós apresentamos a peça também em escolas, nos CEUs (Centro Educacional Unificado), e ali eu ouvi tantas histórias e conheci diversos pontos de vista sobre o texto. Foi uma troca de experiências muito rica.
Agora é a vez do Rio de Janeiro entrar nesta roda. Ciranda está em cartaz no Teatro Leblon e já ganhou mais dias na temporada. É só correr para o abraço.
*Nina Ramos é jornalista e repórter do R7 no Rio.
Ciranda
Avaliação: Muito bom
Quando: Quinta, sexta e sábado às 21h, domingo às 18h. Até 23/6/2013. A partir de 29/6/2013, sábado às 19h e domingo às 20h, até 4/8/2013
Onde: Teatro Leblon (rua Conde Bernadotte, 26, Leblon, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/21 2529-7700)
Quanto: R$ 50 (quinta e sexta), R$ 60 (sábado e domingo); a partir 29/6, R$ 60 (preço único)
Classificação etária: 12 anos
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Uma verdadeira CIRANDA… de emoções!