Após história de irmã travesti, Baskerville dirige vida do transexual Léo Moreira Sá
Por Miguel Arcanjo Prado
Nelson Baskerville se consagrou como diretor teatral com o espetáculo Luis Antônio – Gabriela. A peça da Cia. Mugunzá estreou em 2011, abocanhou todos os prêmios possíveis e ainda faz frenética turnê Brasil afora. A montagem, sobre a irmã travesti, ganhou o respeito do público e da crítica.
Agora, o diretor santista volta à temática gay, mas com uma história completamente diferente, mas tão verdadeira quanto a primeira: a vida do transexual Leo Moreira Sá.
A peça, que tem argumento de Leo e dramaturgia assinada por ele com o diretor, se chama Lou&Leo, e cumpre curta temporada no Centro Cultural São Paulo. Na montagem, divide o palco com a atriz Beatriz Aquino.
Leo tem o que pode se chamar de vida que dá um romance. Fazer uma peça parece ter sido fichinha. Veio do interior para a capital, estudou ciências Sociais na FFLCH na USP, foi baterista da banda punk Mercenárias, viveu a tórrida noite paulistana dos anos 1980, namorou a travesti Gaby, teve lanchonete na Faculdade de Direito do largo São Francisco, cheirou muita cocaína, foi preso, depois virou ator e iluminador laureado com o Prêmio Shell junto da Cia. de Teatro Os Satyros. E o mais intrigante: era mulher e virou homem.
Baskerville conta que sua chegada ao projeto tão pessoal de Leo partiu do convite do próprio artista.
— Leo me procurou após uma apresentação de Luís Antônio-Gabriela. O conhecia do Satyros. Gabriela o tinha tocado. Então, me convidou para uma mesa de discussões sobre Teatro e Diversidade Sexual, na qual fui com prazer. Era uma continuação de uma dívida que eu contraíra com Luís Antônio; e depois da estreia do espetáculo, em 2011, nunca deixei de atender a um só convite que discutisse esse assunto.
O diretor lembra que se surpreendeu quando Leo pegou o microfone e começou a falar de transexualidade.
— Ele falava com tanta propriedade sobre o tema que eu não conseguia entender qual a ligação dele com tal assunto. Talvez ele também tivesse um irmão, irmã, parente transexual. Saí do encontro sem saber e sem perguntar. Logo depois, ele me procurou novamente para me convidar a dirigir um espetáculo que falava de sua vida e na primeira reunião constatei. Leo havia sido Lou. Não consegui disfarçar o espanto e fascínio que tive ali na frente dele.
Bem humorados, os dois costumam chamar Lou&Leo de “um Luís Antônio-Gabriela invertido”.
Lou&Leo
Quando: Terça, quarta e quinta, às 21h. 50 min. Até 11/7/2013
Onde: Centro Cultural São Paulo – Sala Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, Metrô Vergueiro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3397-4002)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos
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É um universo que merece ser retratado para que outros possam entender. Porque há muita dificuldade e mesmo ignorância acerca do tema.