Protesto e narcotráfico abrem 13º Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto
Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial do R7 a São José do Rio Preto (SP)*
O problema do narcotráfico na Colômbia e na América Latina como um todo é a premissa do espetáculo que vai abrir o 13º Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, na noite desta quinta (4), no interior de São Paulo. Equanto a peça acontecer no palco, do lado de fora do Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto, artistas locais prometem protesto.
Ambas performances combinam com a proposta deste ano: investigar os limites entre ficção e realidade.
A peça de abertura, Discurso de un Hombre Decente, do grupo colombiano Mapa Teatro, tem como ponto de partida um discurso político encontrado no bolso de Pablo Escobar, o lendário chefe do cartel de Medellín, no dia de seu assassinato, em 2 de dezembro de 1993.
Esta é apenas uma das seis montagens internacionais do evento, que tem 37 peças ao todo, somando 90 apresentações em dez dias até o próximo dia 13. A revolta dos artistas locais protestantes é porque apenas cinco peças deste total são da cidade.
O FIT 2013 é organizado pelo Sesc Rio Preto em parceria com a Prefeitura de São José do Rio Preto. Marcelo Bones, Luiz Fernando Ramos, Sérgio Luis Venitt de Oliveira, Cynthia Petnys e Antônio Januzeli assinam a curadoria.
Grupos locais acusam o evento de não dar tanta atenção aos artistas da terra onde ocorre.
O secretário de Cultura de São José do Rio Preto, Alexandre Costa, rebate e diz que “abre espaço para a discussão dos modelos atuais dos festivais e as novas possibilidades de gestão cultural em nosso município”.
— Vivemos um momento muito específico no que se refere à produção, circulação e fomento à cultura. Assim, experimentamos uma nova realidade onde o mais importante é o calor da discussão e o caminho natural da arte teatral de nosso tempo.
O diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, afirma que o FIT 2013 “tem como objetivo pensar a reflexão artística do ponto de vista prático”.
Pelo jeito, além de espetáculos de sobra, debate também não vai faltar no evento.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do FIT Rio Preto 2013.
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Não é só em São José do Rio Preto que existe a possibilidade de um olhar menos generoso com o teatro local. Aqui na Grande Vitória, Espírito Santo, não vejo grandes luzes sendo jogadas sob o teatro daqui. Em geral, as pessoas acham, erroneamente, que teatro bom é aquele com artistas de certa emissora televisiva dominante. Entretanto, é um engano: os veículos são diferentes! Os atores da tal emissora podem até ser bons, mas não todos. Aí é quando prevalece a experiência e presença cênica dos atores de teatro. Por fim, APOIO o protesto do pessoal de teatro de São José do Rio Preto! Se as pessoas só enxergarem o eixo Rio-São Paulo, novos talentos nunca serão descobertos.
Também concordo contigo, Felipe. Os festivais devem buscar equilíbrio entre artistas convidados e os locais. Todos merecem o mesmo tratamento. Mas já viu aquele ditado, né: “Santo de casa não faz milagre”. Infelizmente, o brasileiro ainda pensa assim… Uma pena!
Comentário adicional: Gostei do fato de o blog, sempre democrático, ter abordado o assunto. Cada dia mais vejo o quanto o jornalista da coluna merece inegavelmente ocupar o lugar de membro da APCA. E não apenas pelo conhecimento sobre o desenvolvimento correto ou não das narrativas e do desempenho dos atores, mas também por ter a coragem de expor as mazelas da produção teatral, numa postura proativa típica de jornalistas engajados.
Felipe, jornalista tem de dar a notícia. Se ela acontece, não há como escondê-la, por mais que muitos façam isso, infelizmente. Notícia é notícia. E o público tem de saber. Abração!