Classe teatral se reúne para debater e tentar se inserir na onda de mobilização popular brasileira
Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Jennifer Glass
Cerca de 500 artistas responderam à convocatória do diretor José Celso Martinez Corrêa e compareceram à sede do Teatro Oficina na noite desta segunda (8), na Bela Vista, em São Paulo, para a reunião chamada Cultura Atravessa.
O objetivo foi discutir o papel da classe teatral na atual conjuntura política do País, com autoridades em todas as esferas tendo de responder às pressas às reinvindicações da população nas ruas.
O encontro paulistano, com objetivo de representação nacional, surge em tempo defasado em relação ao começo das manifestações. Mas, como diz o ditado: antes tarde do que nunca.
Em outras capitais, como Belo Horizonte e Salvador, artistas tomaram a dianteira dos protestos desde o começo.
Em São Paulo, artistas participaram isoladamente das manifestações, como noticiou o R7, mas não havia, até então, uma tentativa de reunião da classe diante do tema.
Além do debate de questões políticas, houve manifestações artísticas e visuais no Oficina.
“Fim da PM”
A atriz Yara Jamra levou cartolinas e canetinhas, para que todos escrevessem palavras de ordem.
Zé Celso pediu o fim da Polícia Militar em seu cartaz, que chamou de “herança dos tempos da ditadura”.
O coletivo carioca Reage Artista também participou da ação. Ney Piacentini, ex-presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, falou da necessidade de os artistas se juntarem ao povo.
O jornalista Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, criticou a demonização da imprensa como um todo, e defendeu o papel de alguns jornalistas na cobertura das manifestações, dizendo que foram bons repórteres que colocaram em pauta temas que foram paras as ruas.
A universitária Mayara Vivian representou o Movimento Passe Livre, que deflagrou o processo de mobilização popular em todo o País a partir de São Paulo.
Beijo gay de dez minutos
O coreógrafo Sandro Borelli levou dois bailarinos que fizeram performance na qual se beijavam na boca. O beijo gay, que durou cerca de dez minutos, foi dedicado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, presidida por Marco Feliciano.
O diretor do grupo paulistano Os Satyros, Rodolfo García Vázquez, o novelista da Record Lauro César Muniz e o diretor mineiro João das Neves discursaram. A psicanalista Maria Rita Khel telefonou e deu depoimento no viva-voz.
Entre as pautas abordadas estiveram a necessidade de artistas estarem presentes nos movimentos jovens e estudantis, que a periferia e seus artistas precisam ser inseridos no processo cultural, e ainda a necessidade de se reforçar a liberdade de criação e acabar com a figura dos captadores de recursos, que cobram porcentagem dos incentivos recebidos por artistas.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, já sinalizou que está aberta a realizar reunião com representes que possam surgir destes encontros artísticos. O secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, também mandou avisar que está aberto ao receber a classe.
Ao fim, Zé Celso colocou o Teatro Oficina à disposição para novos debates da classe artística.
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