Crítica: LoueLeo expõe de forma poética e crua o artista que fez da vida sua principal obra de arte

Léo Moreira Sá divide palco com Beatriz Aquino para contar sua vida de sexo, drogas e rock’n’roll – Foto: Lucas Bêda

Por Miguel Arcanjo Prado

A verdade da vida impressiona. Assusta. Seduz. Ainda mais quando é uma vida de histórias fartas para se contar. A de Leo Moreira Sá é assim. Vida de romance. Nasceu mulher, mas quis ser homem. E conseguiu.

Saiu do interior rumo à metrópole. Onde se fez. Entrou na USP, mas largou as ciências sociais para virar baterista da primeira banda de punk rock feminista do País, as Mercenárias. Como toda banda de rock, terminou em briga.

Leo (à dir.) com as meninas da banda Mercenárias: ícone do rock brasileiro da década de 1980 – Divulgação

Depois, foi dono da boate Circus, que durou seis meses do auge à falência. Depois, teve lanchonete, casou com uma linda travesti chamada Gabi, se afundou nas drogas, virou traficante, foi preso por cinco anos e, por fim, entrou para a trupe do grupo teatral paulistano Os Satyros, onde tudo cabe.

Leo resolveu transforar tudo isso em peça de teatro: Lou&Leo, que fica em cartaz só até esta quinta (11), no Centro Cultural São Paulo. A partir de agosto, cumprirá temporada às quartas, 21h, no Satyros Um, na praça Roosevelt, no centro paulistano.

A obra é dirigida por Nelson Baskerville, que repetiu elementos cênicos de seu grande sucesso teatral Luis Antonio – Gabriela, com a Cia. Mugunzá, sobre a história de seu irmão travesti.

Se o impacto da encenação como um todo desta última é mais forte, em Lou&Leo o que interessa é a história de Leo Moreira de Sá, nascido Lourdes.

Com ele ali, de verdade, testemunhando com seu corpo o mundo de sexo, drogas & rock’n’roll no qual se meteu para todo o sempre, não há contestação. Nem possibilidade de crítica.

A maior obra de arte de Leo Moreira Sá é ele mesmo. E que obra. Não há como ficar indiferente à sua presença. Aos 54 anos, é um garoto jovem e viril. E, o mais importante, ainda sonha.

Leo repassa sua vida louca aos olhos da plateia de forma dura, mas poética. Estão lá os abusos sofridos na infância, o vestido de bailarina que não cabia em seu corpo infantil, a loucura dos anos 1980, a decadência dos 1990, a ressurreição no século 21. Tudo, é claro, recheado de rock do bom e clima underground.

Além dos dois personagens travestis que fazem o coro, interpretados por Lucas Impallatory e Tom Garcia, no palco, em companhia de Leo, está uma musa automática do teatro brasileiro: Beatriz Aquino. Bela, forte e sedutora, a atriz é puro desejo. Tensão sexual em riste de todos.

Lou&Leo é um atestado que a vida não tem regras ou trilhas a serem seguidas por todos. Cada um tem a sua, com seus tropeços e méritos. Não há o que julgar. O que entender. O que aceitar. Porque a verdade da vida só exige respeito.

Musa automática do teatro brasileiro: Beatriz Aquino é pura tensão sexual na montagem – Divulgação

Lou&Leo
Avaliação: Bom
Quando:
Terça, quarta e quinta, às 21h. 50 min. Até 11/7/2013
Onde: Centro Cultural São Paulo – Sala Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, Metrô Vergueiro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3397-4002)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos

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2 Resultados

  1. Felipe disse:

    Que bela mulher é Beatriz Aquino!

  1. 06/08/2013

    […] Cabaret – Ruth EscobarAvaliação: À Beira do Abismo… – Teatro Faap (SP)Avaliação: LoueLeo – Satyros 1Avaliação: Ultimos Posts / […]

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