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“Quando a dor é forte fica guardada em silêncio”, diz diretora Paula González Seguel, de Galvarino

A diretora e atriz Paula González Seguel, em cena da peça chilena Galvarino – Foto: Pierre Duarte

Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial do R7 a São José do Rio Preto (SP)*

A peça chilena Galvarino foi o grande destaque do FIT Rio Preto 2013, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, no interior paulista.

A obra encerra a Trilogia Documental da Compañia Teatro Kimen, de Santiago do Chile. As outras duas foram Ñi Pu Tremen – Mis Antepasados (2008) e Territorio Descuajado – Testimonio de un País Mestizo (2010).

Galvarino aborda a história do desaparecimento de um chileno da etnia mapuche na Rússia e a dor de sua família à espera de notícias dele. Leia a crítica da peça.

O R7 conversou, com exclusividade, com o elenco. Veja os principais trechos da entrevista com Paula González Seguel, que também dirige a obra, Luis Seguel e Elza Quinchaleo:

Miguel Arcanjo Prado – Como foi o processo de criação da peça?
Paula González Seguel – É a história da minha família. Galvarino era meu tio. E personagem que interpreto é minha tia, Marisol Ancamil. Pegamos o testemunho dela e fizemos teatro documental. Ela, no começo, ficou receosa quando tomamos a decisão de fazer a peça. Mas depois entendeu que era importante expor essa injustiça.

Você conheceu o Galvarino?
Paula – Sim. Eu o conheci nos anos 1990, quando ele nos fez a última visita no Chile antes de retornar à Rússia. Eu fui buscar ele no aeroporto com meu avô, que contracena na peça comigo fazendo o pai do Galvarino.

Depois de apresentar a peça, vocês tiveram alguma resposta do Ministério das Relações Exteriores do Chile?
Paula – Infelizmente, não houve resposta em termos políticos até o momento. Nós nunca tivemos o corpo de meu tio de volta.

Leia a crítica de Galvarino!

Como foi a reação de sua tia quando viu a peça?
Paula – Para ela foi muito forte. Ela ficou muito emocionada. Há os custos de se trabalhar com teatro documental. Minha tia Marisol foi quase uma mãe para mim. É uma situação muito dolorosa para a família. Quando a dor é forte, fica guardada em silêncio.

Você acha que este descaso das autoridades em relação ao desaparecimento de seu tio na Rússia é porque vocês são mapuches [etnia indígena chilena]?
Paula – O povo mapuche foi vítima de muitas injustiças. Mas, acho que, mais do que ser mapuche, foi porque somos pobres. Acho que de alguma maneira o teatro vai dar visibilidade a esta injustiça.

Vocês já viajaram com a peça?
Paula – Esta é nossa primeira viagem e a primeira vez que estamos no Brasil.

Esta peça comunica com qualquer plateia. É uma obra impressionante. Por que você acha que isto acontece?
Paula – Acho que é porque é uma história universal de injustiça.

Elza Quinchaleo e Luis Seguel, em cena da peça chilena Galvarino – Foto: Pierre Duarte

E o senhor, Luis, como é representar a história de sua família?
Luis Seguel – É muito difícil. Porque eu me sinto um pouco culpado pelo que aconteceu com o Galvarino. Quando ele foi ao Chile, me disse que não queria voltar à Rússia. E eu impulsionei para que voltasse, achava que era bom para ele. Tentamos contato com a família que ele formou na Rússia pelas redes sociais.

Agora queria fazer uma pergunta para você, Elza. Como é fazer a cena do preparo da galinha?
Elza Quinchaleo – Na primeira vez, foi mais difícil. Porque me dava pena. Mas fui entrando de pouco na história. E hoje gosto muito de fazer esta cena.

Como foi para vocês atuar no Brasil?
Luis Seguel – É realmente maravilhoso. Os brasileiros nos receberam muito bem. São todos muito amáveis.
Elza – Eu gosto muito da natureza. O Brasil tem paisagens muito bonitas. Esperamos voltar.

Leia a crítica de Galvarino!

*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do FIT Rio Preto 2013.

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