Crítica: Amor faz Daniela se desnudar em Pelada

Daniela Mercury pinçou canções “lado B” de seus discos compostas por ela – Foto: Thiago Duran/AgNews
Por Miguel Arcanjo Prado
O público paulistano, que, hipnotizado, parou a avenida Paulista em 1992 no vão do Masp para ver a menina baiana que logo cantaria O Canto da Cidade para todo o País, encheu o Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros nesta terça (6) para ver a Daniela Mercury de 21 anos depois. Uma artista mais contida, mais despida, mais madura, diferente e igual àquela menina do início de tudo.
O nome do novo show da estrela do Carnaval baiano vai nessa linha. É Pelada. Daniela reuniu canções “labo B” de seus 14 discos em um repertório intimista feito de músicas compostas por ela – a única exceção foi Meu Plano, de Lenine, justificada por ser a canção que embala seu romance atual.
Aliás, o amor – a chegada ou a partida dele – deram o tom do espetáculo, que contou com declamação de poesias da cantora, falando de seu momento contemporâneo sempre manchete.
Daniela virou notícia este ano após assumir relacionamento amoroso com a jornalista baiana Malu Verçosa. Durante o show, Daniela fez questão de cantar para a amada. E fez questão de dizê-lo. Ainda afirmou que estão juntas, e que a “mídia de autocombustão inventa, desmente e mata”, fazendo referências aos comentários sobre o casal que não param desde que a relação foi revelada.
Ela parece se importar menos com os mexericos sobre sua vida pessoal e mais com a própria arte, forma de expressão de seu ser, razão de seu sucesso há tanto tempo. Porque Daniela não é estrela de axé baiana fabricada. Ela tem o que dizer. E diz. Exibindo belas pernas, ouviu galanteios da plateia. Disse que não gosta que falem que ela está “conservada”, “porque quem fica conservada é azeitona”. Prefere o termo “inoxidável, como se diz lá na Bahia”. Acha mais elegante e sensual.

Daniela falou que não gosta que digam que ela está “conservada”; prefere que usem “inoxidável”, como se diz na Bahia, sua terra – Foto: Thiago Duran/AgNews
Para isso, reuniu músicos competentes capitaneados por Gerson Silva, que fez violões e direção musical com arranjos distintos do original das canções executadas. No time seleto, estão ainda Beto Aranha, no teclado e na sanfona, Orlando Costa, na percussão, Gabriel Póvoas (filho de Daniela), nos vocais, no sampler e na percussão, e Munir Hossn, vindo de Paris para tocar o baixo. Além disso, Giovana Póvoas, filha de Daniela, filmou o show de estreia, quase que escondida, no fundo do teatro. Não fosse a mãe ter anunciado seu nome no microfone e buscado pela filha, ela teria passado incólume.
Daniela começou com a romântica Ata-me, canção de seu disco Sou de Qualquer Lugar. Com Aeromoça, disse que sua casa é o céu, por conta das turnês intermináveis, e que seus amores precisam entender isso. Ela ainda encontrou tempo para falar das origens familiares de forma genuína com a canção Cinco Meninos, feita sobre ela e seus quatro irmãos como homenagem aos pais. E ainda falou da forte ligação com a ancestralidade africana, tão presente na Bahia, em Dara.
Daniela disse que estava feliz de estrear novo show em um teatro do Sesc, em ambiente mais intimista, diferente de seu último concerto, a superprodução Canibália. Mas seu momento é este. De estar mais perto, mais exposta. Daniela encontra neste público que a acompanha de verdade, e não na multidão carnavalesca ensandecida, o embalo e o afago que precisa para continuar.
Politizada, falou sobre as manifestações recentes, disse que precisam continuar, que sua geração, criada sob ditadura militar, foi perdida. E que estamos todos adolescentes outra vez. Celebrou este momento com Sol da Liberdade, feita em parceria com Milton Nascimento.
Apesar da falta de bailarinos, costumeiros em seus shows, Daniela não resistiu e dançou. Porque é bailarina também. E porque a dança também é uma forma que ela sempre encontrou para se expressar artisticamente. É bonito e forte vê-la dançar.
No bis, não houve jeito. Diante do público de pé e fogoso por batuques, Daniela obrigou todos os músicos a se deslocarem de improviso para a percussão e fez seus hits: Música de Rua, O Mais Belo dos Belos e, claro, O Canto da Cidade, a música que marca seu começo e, agora, seu reencontro com o público paulistano, que bem entende suas mudanças. Porque também mudou. Porque a vida não para e, nela não cabe censura.
Pelada – Daniela Mercury
Avaliação: Bom
Quando: 6 a 9/8/2013, às 21h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Metrô Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11 3095-9400)
Quanto: R$ 40 e R$ 20 (comerciários pagam R$ 8)
Classificação etária: 10 anos
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Porque Daniela não é estrela de axé baiana fabricada. Ela tem o que dizer. E diz. REALMENTE VC DISSE TUDO. ESSAS PSEUDOCANTORAZINHAS DA BAHIA NÃO CHEGAM NEM A UM DÉCIMO DESTA GRANDE ARTISTA DANIELA MERCURY!!! ELA DEVERIA SER JURADA MOR DE ALGUM REALITY SHOW MUSICAL, COMO O “THE VOICE BRAZIL”, “ÍDOLOS”, ETC. I LOVE DANIELA MERCURY,MARISA MONTE, MARIA BETHANIA, ADRIANA CALCANHOTTO, ANA CAROLINA,ETC.
Tenho CDs de Daniela na minha coleção (ao contrário da fabricada citada no texto). Creio que são MÚSICA DE RUA e FEIJÃO COM ARROZ, salvo engano. Gosto das canções da fase inicial de solista dela. Das últimas, não gostei tanto. A primeira foto, olhando rapidamente, lembrou-me a Ana Carolina, pelo jeito em que ficou o cabelo da artista, as ondulações que o cabelo fez. Já a segunda foto dá para ver claramente que é a Daniela, até porque já vi alguns vídeos dela nessa mesma pose, como se fosse em agradecimento.
Corrigindo: quando DM cantou no vão do MASP, ela ainda não havia lançado O Canto da Cidade. A música que embalou o momento foi Swing da Cor!
Felipe, o trecho foi arrumado. Obrigado pela mensagem!
Linda o show Foi maravilhoso aquela mulher maravilhosa no palco. Ela domina um certo Fascínio Sobre O público que fica emdeusados com ela {Daniela mercury deusa mulher de verdade ]
Deusa /mulher / menina. Princesa / rainha/diva/ ela e brilhalhante feito A lua
Mas bela das belas (Daniela mercury)
Fantástica. Gostosa.
Deusa
Divinas pernas
Perfeitamente Lindas as canções