Entrevista de Quinta: Wilson de Santos mergulha no desafio de viver Bette Davis, ícone de Hollywood
Por Miguel Arcanjo Prado
Desde 5 de abril de 2013, data em que Bette Davis completaria 105 anos, o ator Wilson de Santos cumpre a missão de viver no palco a atriz mítica de Hollywood.
Após temporada de sucesso no Teatro Ranaissance, a peça Bette Davis e Eu ocupa o Teatro Santo Agostinho, próximo ao metrô Vergueiro, também em São Paulo.
A montagem, na qual Wilson contracena com Flávia Garrafa sob direção de Alexandre Reinecke, mostra a visita da diva à escritora Elizabeth Fuller em 1985. Visita esta que era para ser um jantar e se prolongou por dias. A escritora transformou a experiência pessoal na peça, que teve tradução para o português por Reinaldo Moraes.
Para fazer o trabalho, Wilson visitou a autora em sua casa, em Connecticut, nos Estados Unidos, durante um processo de gestação da montagem brasileira que levou 12 anos. Mas a longa espera rendeu frutos. A autora o elogiou e disse que ele é a melhor Bette Davis que ela já viu. Além disso, a peça brasileira foi citada no jornal norte-americano The Wall Street Journal.
Wilson de Santos conversou com o Atores & Bastidores do R7 nesta Entrevista de Quinta sobre este momento especial em sua carreira.
Leia com toda a calma do mundo:
Miguel Arcanjo Prado – De onde vem sua paixão por Bette Davis?
Wilson de Santos – Vem desde que vi os primeiros filmes dela, nos anos 1980, obras como A Malvada. Sabia da grandeza dela como atriz e ícone do cinema, claro, mas nunca fui seguidor realmente de seu trabalho. Até que este texto chegou em minhas mãos e passei a me interessar mais por ela.
Como o texto chegou até você?
Foi através do norte-americano Dan Goggin, autor do meu espetáculo anterior, A Noviça Mais Rebelde, que fui uma proposta minha de fazer um solo da irmã Maria José. Ele assistiu uma montagem americana, em 2001, e me falou que achava que eu deveria fazer a Bette Davis no Brasil. Isso foi em 2001, quando fazia Vitor ou Vitória com a Marília Pêra. Aí, eu fui correr atrás para o projeto virar realidade.
E durou muito tempo até que o sonho virasse realidade?
Foram 12 anos! Foi muita batalha, mas eu estacionei várias vezes, porque achava que tinha de ser no tempo certo, por ser uma produção mais custosa e cuidadosa.
Por que você achou que este era o momento certo?
Eu tinha vindo do desafio de produzir a Noviça por três anos e meio, um solo, que partiu de uma ideia minha. Então, venho da caminhada de me autoproduzir. Achei que agora era a hora. E tudo deu tão certo que estreamos no Teatro Renaissance no dia do aniversário da Bette Davis, em 5 de abril de 2013, quando ela completaria 105 anos! E não foi planejado, foi coisa do destino!
Como é dividir a cena com a Flávia Garrafa e também ser dirigido pelo Alexandre Reinecke?
Eu já conhecia a Flávia Garrafa, mas nunca tinha trabalhado com ela. Estou apaixonado! É uma atriz que tem um pré-disposição para o trabalho incrível. Ela é muito do teatro. Faz mil coisas. Falo que deveríamos ter uma companhia de repertório. Já o Reinecke é uma relação antiga, um amigo. A parceria com ele vem da época de Sua Excelência, o Candidato.
Vocês estrearam no Ranaissance, que tem um perfil mais elitista, e agora cumprem temporada no Teatro Santo Agostinho, mais popular, perto do metrô Vergueiro. Como vê essa mudança de palco? Espera um novo público?
Esta mudança é fantástica! A temporada no Renaissance foi linda e rendeu muitos frutos, muito público. E agora, eu volto ao Santo Agostinho, onde fiz duas temporadas incríveis da Noviça. Começa do fantástico acesso ao teatro: é só descer no metrô Vergueiro e subir a escadinha [risos]. Também é uma sala muito grande, tem 700 lugares! Então, temos oportunidade de fazer um preço mais acessível. Esperamos que todo mundo venha! Vários grupos que foram ver Noviça já estão agendando voltar para ver Bette Davis e Eu.
Como foi a repercussão nos EUA?
Foi ótima e nos deu muito orgulho! A autora, Elizabeth Fuller, me mandou um elogio, dizendo que sou a melhor Bette Davis que ela já viu. Me falou que, se eu falasse inglês, ela queria que eu fizesse a montagem em Nova York. O The Wall Street Journal citou nossa montagem na matéria que fez sobre a montagem na off-Broadway. Ganhamos um destaque na matéria. Disseram que os brasileiros agora podem escutar Bette Davis entrar na casa da outra personagem e dizer: “Que espelunca!”, em português.
Como é fazer uma personagem feminina para você?
Eu adoro! Isso é algo que faço há muito tempo, desde a época da Cia. Baiana de Patifaria. Com a Bette Davis, o desafio é maior, porque é a Bette Davis. É claro que tem gente que, infelizmente, ainda não conheceu o trabalho dela. Mas também tem o público que conhece a Bette Davis. Então, tivemos muito a preocupação de aproximar minha imagem da dela, com a ajuda de nosso visagista, o Wanterley Dornellas. Busquei muitas imagens dela, principalmente mais velha. Porque eu faço a Bette cinco anos antes da morte, com 76 anos. Assisti entrevistas e revi filmes para pegar as coisas dela na fala, sempre cortante, que era quase uma música. Eu me divirto muito fazendo. Ainda mais com esse momento meu no camarim, de fazer a maquiagem. Eu gosto muito. Costumo dizer que quando faço espetáculo sem maquiagem, eu me sinto pelado! [risos].
Bette Davis e Eu
Quando: Sábado, 22h, e domingo, 20h. 90 min. Até 08/09/2013
Onde: Teatro Santo Agostinho (rua Apeninos, 118, Metrô Vergueiro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3029-4858)
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Classificação etária: 12 anos
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