Protesto pela reabertura da Escola Livre de Teatro de Santo André termina com artistas agredidos
Por Miguel Arcanjo Prado
Um protesto de mestres e aprendizes da Escola Livre de Teatro (ELT) marcou a cidade de Santo André, no ABC paulista, neste domingo (29).
Os professores e alunos da tradicional instituição de ensino teatral protestaram contra o fechamento arbitrário da escola na última sexta (27).
Os manifestantes seguiram até o Paço Municipal, com o objetivo de falar com o prefeito Carlos Grana (PT) e o secretário de Cultura do município, Raimundo Salles.
Contudo, a manifestação terminou em confusão em frente ao Paço Municipal, onde havia o evento de abertura da Caminhada da Primavera de Cultura de Paz.
Apesar do nome do evento, mestres e aprendizes da ELT foram agredidos por seguranças. Além de muitos palavrões preferidos contra os artistas, também houve socos e empurrões, apurou o R7.
O site da Prefeitura de Santo André cobriu a “caminhada de cultura e paz”, mas omitiu a manifestação dos alunos da ELT, bem como a confusão. Procurada pelo R7, a Prefeitura de Santo André não se manifestou até o momento.
A reportagem apurou que o prefeito Carlos Grana deve receber representantes da ELT nesta terça (1º).
“É inacreditável o que está acontecendo com a ELT”, diz ator Celso Frateschi
O fechamento da Escola Livre de Teatro segue repercutindo na classe artística. O presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, divulgou carta aberta ao prefeito de Santo André, Carlos Grana. Nela, afirma que “querem acabar com a ELT porque ela é uma escola singular nas artes cênicas e que não tem objetivo de formar celebridades”.
O ator Celso Frateschi, que dirige o Teatro da USP, o Tusp, e também atua na minissérie José do Egito (Record), na qual interprete Jacó, também demonstrou sua indignação com o que vem acontecendo. “É inacreditável o que está acontecendo com a ELT”, declarou o ator, que sempre foi ligado ao PT. Ainda de acordo com Frateschi, a “ELT é hoje referência nacional em ensino de teatro”.
— Todos sabem que sou petista, mas não consigo mais não expressar meu espanto e desacordo com atos como esse absurdo que estão fazendo em Santo André com a Escola Livre de Teatro.
Tiche Vianna, do Barracão Teatro de Campinas e vice-presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, também se manifestou em carta aberta. “Peço que esta Secretaria de Cultura, com total respaldo da Prefeitura, reveja sua atitude e reinstaure a dignidade do ensino da arte teatral, assegurando, definitivamente, a permanência do projeto pedagógico da Escola Livre de Teatro em Santo André”.
Kil Abreu, crítico e curador de teatro do Centro Cultural São Paulo, e que trabalhou por quase dez anos na Escola Livre de Santo André, também lamenta tudo o que se passa com a Escola Livre de Teatro.
– A ELT é uma referência nacional e internacional em pedagogia teatral em bases autônomas. A escola vem sofrendo sucateamento há um tempo. A Escola não é um negócio de ocasião, moeda de troca nos planos de governabilidade. Tem uma história de mais de 20 anos de contribuição com a cultura brasileira.
Leia: Prefeitura de Santo André diz que ELT será mantida
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Lamento realmente pelo ocorrido.
QUE HORROR !!! NÃO ESTAMOS NUMA DITADURA !!! É INADMISSÍVEL ISTO QUE ACONTECEU DURANTE AS MANIFESTAÇÕES DE PROTESTO DA CLASSE TEATRAL DE SÃO PAULO: ELA APENAS ESTAVA
EXERCENDO SEU DIREITO DE CIDADÃO !!! PRECISAMOS URGENTE MUDAR ESTA POLÍTICA E ESTES POLÍTICOS QUE ..NADA FAZEM DE BOM PARA ESTE PAÍS……….NAS ELEIÇÕES DE 2014 VAMOS VOTAR COM CONSCIÊNCIA……….
NÃO NOS DEIXEMOS LEVAR CORRENTEZA ABAIXO……..AINDA HÁ SALVAÇÃO…….É SÓ ACREDITARMOS!!!
Repassando
NOTA À IMPRENSA
Escola Livre de Tetro
A Prefeitura de Santo André reafirma o compromisso de manter a estrutura pedagógica e o projeto artístico Escola Livre de Teatro.
A política pública de Governo é de fortalecer o diálogo com a sociedade civil, artistas e produtores culturais. Entretanto, o momento requer os seguintes esclarecimentos:
1. O projeto Escola Livre de Teatro será mantido;
2. NUNCA foi determinado o término desse projeto, pois trata-se de política pública instituída na gestão Celso Daniel que se mostrou exitosa;
3. Informamos que na sexta-feira (27 de setembro), a ELT teve suas aulas diurnas interrompidas para uma vistoria técnica, e foi reaberta para seu funcionamento normal das aulas noturnas, e assim se mantém aberta até a data de hoje.
4. É notório que as condições físicas do prédio onde os alunos da ELT recebem aulas estão em péssimo estado, decorrente dos desmandos da administração anterior;
5. É sabido que os três teatros de Santo André, encontram-se interditados para adequação às normas de segurança, sem que esse fato fosse decorrente da vontade dessa administração. Assim, estamos diante de valores, tais como, a preservação da vida;
6. De fato, a administração anterior elaborou uma licitação no valor de R$ 1.700.000,00 para a adequação da parte elétrica e telhado do teatro Conchita de Moraes. Entretanto, os recursos não foram apontados na peça orçamentária do ano fiscal vigente, razão pela qual a Secretaria de Obras não pode realizar tais melhorias.
7. Quanto a eventuais atrasos nos pagamentos dos fornecedores, a Prefeitura de Santo André, nessa atual gestão, herdou dívidas da gestão anterior na cifra de 115 milhões de reais, e que, o resultado financeiro da prefeitura não tem sido positivo a ponto da Secretaria de Finanças atrasar pagamentos. Considere nesse contexto, a própria Cooperativa Paulista de Teatro, empresa que na oportunidade ganhou a licitação e recebe a quantia de R$ 431mil reais/ano;
8. A Prefeitura apresentou a possibilidade de um espaço para a manutenção das atividades da ELT, até a total liberação pelos bombeiros do teatro Conchita de Moraes;
9. Não há que se falar em falta de diálogo. Os canais de comunicação entre a empresa Cooperativa Paulista de Teatro e a Prefeitura de Santo André sempre estiveram abertos, sendo que só nos últimos dias os representantes da empresa Cooperativa Paulista de Teatro se reuniram duas vezes com o secretário de gabinete Tiago Nogueira;
10. A política de governo de manter a ELT pressupõe um conjunto de ações inter-secretariais, de forma matricial, que envolve a Secretaria de Obras, de Finanças, de Assuntos Jurídicos, de Planejamento, de Cultura e o Governo, pois o tema demanda ações conjuntas de todas essas áreas.
Desta forma, ficou agendada uma reunião com os setores do Governo e representantes da empresa Cooperativa Paulista de Teatro para a próxima quarta-feira, dia 2 de outubro, às 16 horas, com a presença do prefeito Carlos Grana.