Lauanda Varone, a atriz atrás de um sonho
Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos de Eduardo Enomoto
Quando é dia de domingo, Lauanda Varone se junta com a mãe e a tia, no alto do apartamento da rua Vergueiro, em São Paulo, para ouvir músicas tradicionalistas do Rio Grande do Sul. É o momento de nostalgia para recuperar as forças para enfrentar a dureza da semana paulistana.
Lauanda é atriz. Chamou a atenção na peça O Casal Palavrakis, em cartaz até 2 de novembro no Teatro Heleny Guariba, na praça Roosevelt. Tanto que foi eleita Musa do Teatro R7 pelos internautas do portal.
Nasceu em Cruz Alta, interior do Rio Grande do Sul. Há sete anos, resolveu deixar tudo para trás e mudar-se para São Paulo. A mãe e a tia vieram juntas, embalar o sonho dela.
Diz que seu interesse por teatro vem “desde pequena”. Tanto que, assim que pode, foi estudar teatro em Santa Maria, cidade há 130 km de sua terra natal. Tinha apenas 11 anos. Fazia todos os cursos artísticos disponíveis na região.
A mãe, a professora universitária Neiva Varone, sempre deu todo o apoio. Logo, viu Lauanda entrar para o Grupo Teatral Máschara. A filha ficou conhecida na cidade. Mas, a menina queria mais.
“Vim para São Paulo fazer um teste em uma agência de atores. Assim que chegamos, falei para minha mãe: eu quero morar aqui”, lembra.
A mãe embarcou na aventura da filha. “Ela tinha acabado de montar um consultório de psicopedagogia e largou tudo. Mas ela também tinha vontade de se mudar. Conseguiu se aposentar e veio. Depois, também veio minha tia, Maria Helena, que já morava conosco no Sul”.
Lauanda Varone tem 24 anos e “muita vontade de crescer”. Entretanto, viu que as coisas em São Paulo não eram tão simples quanto em seus sonhos de menina do interior. Contudo, não se deixou assustar pelo tamanho grande de tudo. “Até trânsito e metrô lotado eram uma curtição para mim. Era um deslumbramento que não sei se passou por completo”, conta.
Mas muitas coisas se assentaram com o tempo. “Em Cruz Alta todo mundo do meio teatral sabia que eu era atriz. Aqui, em São Paulo, não ser uma pessoa reconhecida no meio do teatro foi muito louco para mim. Tem muita gente querendo isso. Caiu a ficha de que o que eu queria era bem mais complexo do que eu imaginava”, avalia.
Precisou fazer “um trabalho de desconstrução” diante do novo. Se abrir para novas referências e paradigmas. No meio tempo, estudou um bocado: fez duas faculdades, de produção audiovisual e rádio e TV, uma pós-graduação em artes cênicas na Faculdade Paulista de Artes e ainda entrou para o curso de atuação da SP Escola de Teatro. “Comecei a me abrir para outras maneiras de enxergar o teatro que antes nem se passavam pela minha cabeça. Tive de desaprender bem mais do que aprender”.
Sua primeira peça veio em 2008, Antes que Seja Tarde, com direção de Dan Rosseto. A segunda é O Casal Palavrakis, com direção de Reginaldo Nascimento. “Entrei para fazer produção de vídeo, mas uma atriz precisou sair e ele me convidou. O Reginaldo abriu as portas do teatro para mim”.
Launda sabe que “sobreviver de teatro é coisa difícil”. Mas segue em busca deste sonho antigo. “Crescer no teatro tem a ver também com crescimento individual e meu autoconhecimento. Quero conseguir me transformar para tocar o público”, declara.
Está aberta para as oportunidades que vierem além dos palcos. Mas afirma que sempre com os pés no chão. “Quando você está no interior, acha que fazer televisão é dar certo na vida. Depois que você chega aqui em São Paulo, vê que não é bem assim. Se um dia acontecer TV e cinema, será bem-vindo, mas vou sempre manter minha praia no teatro”.
Agradecimento: Centro Cultural São Paulo, pela locação para o ensaio fotográfico.
O Casal Palavrakis
Avaliação: Bom
Quando: Sábado, 21h. 80 min. Até 2/11/2013
Onde: Teatro Studio Heleny Guariba (praça Franklin Roosevelt, 184, Consolação, Metrô República, São Paulo, tel. 0/xx/11 3259-6940)
Quanto: R$ 30
Classificação etária: 16 anos
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Boa sorte à Lauanda e parabéns por ter uma mãe que é parceira e incentivadora!
Sobre O CASAL PALAVRAKIS, a peça é excelente.