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Polêmica: Grupo de Porto Alegre Ói Nóis Aqui Traveiz dispensa público em SP e gera revolta

Público na porta do Teatro Vento Forte: grupo não respeitou os espectadores - Foto: Paula Carvalho/Divulgação

Cena do espetáculo Medeia – Vozes, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Foto: Pedro Isaías Lucas/Divulgação

Por Rodolfo Lima, em São Paulo
Especial para o Atores & Bastidores*

Não é fácil assistir às montagens da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Grupo mítico de Porto Alegre, tem uma dinâmica de vivência e encenação que torna complexa qualquer deslocamento do grupo.

Eis que a trupe aportou na sede do Teatro Vento Forte, para 12 apresentações de Medeia Vozes em São Paulo.

Um espetáculo de três horas e meia, em  cartaz de terça a domingo, durante duas semanas, praticamente apresentando sem pausas.

Semana de cancelamentos

A segunda semana foi tumultuada para um grupo que deu sinais de cansaço e adoeceu e, sendo assim, resolveu ignorar o público que se dispôs a ir vê-los. Explico.

Estive presente na quarta (16), na sexta (18) e no domingo (20). Não, não sou um neurótico aficionado pelo grupo e nem compartilho das diretrizes internas de vivência do grupo. Mas reconheço o trabalho singular que o grupo executa e não podia deixar de apreciar mais um dos seus inúmeros trabalhos.

Quarta chovia torrencialmente, e eles cancelaram. Há cenas externas – segundo amigos que assistiram em sessões sem a lotação máxima, 35 pessoas – que ficam inviabilizadas por causa da chuva. No lugar da apresentação, o grupo resolver falar sobre o processo, já que havia uma turma de escola, e o professor tinha transferido sua aula para o terreiro da trupe.

Sexta, dez minutos antes do inicio da peça, começa uma chuva que faz o grupo cancelar a apresentação às 20h20. Casa lotada, público do lado de fora. Os atuadores vêm a público se desculpar e cumprimentar os presentes. Há vozes pedindo que o grupo espere mais um pouco, “vai que a chuva pare”, mas não são ouvidos.

“Estamos cansados”

Antes da decisão final, um dos integrantes informa: “cancelamos o espetáculo na quarta, na quinta – em função de um mal estar de Tânia Farias – e não gostaríamos de cancelar hoje. Estamos todos cansados e prontos”.

Nunca vi um artista usar a desculpa de “estar cansado”, penso alto.

Não desisto de apreciar o trabalho, retorno no domingo, chego às 18h – a entrega de senhas seria às 19h30 – e eis que o “grupo” informa que: “muitas pessoas  que não conseguiram ver nos dias em que as apresentações foram canceladas, ligaram e o “grupo” gentilmente reservou os  lugares para tais pessoas, e que as poucas senhas que havia eles já tinha distribuído”.

Oi?

Desde quando se podia ligar para reservar lugar? Em qual número?  Em nenhum dos dois dias – cancelados por  causa da chuva – o grupo informou ao público em geral, tal opção. Ao serem questionados: cadê essas pessoas que pegaram a senha hoje? A resposta: nós a dispensamos para comer algo, voltam mais tarde. Será?

“Cozido gostoso”

Quando questiono: ah, vocês acham isso correto? O representante do grupo disse que não podia fazer nada.

Inconformado cutuco: Se vocês querem fazer “teatro pra panela” fizesse uma apresentação extra antes.O hostess da trupe debocha: Não sei o que é isso, mas aqui dentro nos fazemos um cozido bem gostoso.

Sou dado a piadas e ironias, mas era impossível rir e compartilhar daquele resposta chinfrim.

O que se via ali, era um desrespeito com o público que se disponibilizou a chegar duas horas antes. Seria mais honesto que o grupo assumisse uma apresentação fechada para os amigos. Mas não… resolveram ignorar a inteligência do público. Atitude totalmente contrária aos ditos ideais do grupo.

Descaso com o público

Nunca vi tanto descaso nas filas paulistas. Sou ator e jornalista, frequentador assíduo de teatro, possuo livros do grupo, e foi decepcionante ver que os famigerados atuadores não estavam interessados em atender a população em geral, e sim, a “própria turma teatral”.

Bom… eu como não gosto de cozido, me retirei. Fiquei sabendo naquele momento que o grupo nada tem a me oferecer.

*Rodolfo Lima é jornalista, ator e mestrando na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Nota do Editor: O R7 fez contato com A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, mas não houve resposta até o momento.

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