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Monga, a mulher-macaca, ganha versão nos palcos por Maria Carolina Dressler após pesquisa na Itália

Maria Carolina Dressler vai fundo nos dilemas de Monga em peça no Santo André – Foto: Adriana Balsanelli

Por Miguel Arcanjo Prado

A mulher que vira macaca encanta e assusta gerações. Monga não é só esta figura lendária do mundo dos espetáculos como também é o título do primeiro espetáculo solo da atriz Maria Carolina Dressler, que estreia nesta quarta (6), às 21h, no Sesc Santo André, onde cumpre temporada até o começo de dezembro.

O texto foi escrito pela atriz em parceria com a diretora, Juliana Sanches, do Grupo XIX de Teatro, e contou com supervisão do diretor italiano Pietro Floridia, do Teatro Dell’Argine de Bolonha – que dirigiu a atriz em duas peças com o XIX: O Castelo, em 2012, e a recente Estrada do Sul.

Durante a pesquisa, parte dela feita na Itália, Dressler conheceu a fundo o cinema grotesco de Marco Ferreri (1928-1997), referência na montagem, sobretudo com a sua mulher-macaca do filme La Donna Scimmia (1964).

— Foi com a obra dele que definitivamente pude entender porque o número da Monga me causava tanto fascínio. Ferreri brinca com o humano animalizado para falar do resgate da humanidade, da identidade, da origem, do renascimento e da liberdade

Ainda nos estudos na Itália, Dressler passou pelo Museo Nazionale del Cinema, em Torino, o Centro Sperimentale di Cinema, em Roma, e a Università degli Studi di Verona.

Para montar Monga, Maria Carolina Dressler fez pesquisa na Itália – Foto: Adriana Balsanelli

— Falei com pessoas que conheceram e trabalharam com Ferreri, como Mario Canale e Alberto Scandola. Tive acesso a um vasto material de arquivo. Assim como os personagens de Ferreri, que sempre buscam suas origens, senti que a viagem foi para mim uma jornada de identificação e reencontro.

Tormento da mulher-macaca

A peça tem drilha sonora de Daniel Maia, locuções de Flavio Faustinnoni e figurinos de Luciano Ferrari, que remete a animais em cores e desenhos. A cenografia, uma jaula de ferro que funciona como uma espécie de quarto-camarim, foi criada por Paula de Paoli com influência direta das gaiolas da artista plástica Louise Bourgeois (1911-2010).

A obra investiga o tormento desta mulher que vira macaca aos olhos do público, seus conflitos internos, descortinando fatos de sua infância, adolescência e juventude – repletos de dramas pessoais. Vídeos e locuções ajudam a criar o clima de delírio no qual a personagem vive.

A mexicana Julia Pastrana (1834-1860), que nasceu com a doença hipertricose, que cobre o corpo de pelos – herdada também por seu filho – foi usada por seu marido em espetáculos que a tornaram precursora do número hoje mundialmente conhecido como Monga, ainda presente em parques e quermesses interioranas.

— A personagem foi batizada de Julia em referência à mexicana, mas trata-se de uma Monga fictícia, que nos permitiu criar uma narrativa baseada em personagens dos filmes de Ferreri e nos conflitos de vítimas de exposição e isolamento.

Dressler ainda teve contato com Romeu del Duque, que é considerado o pai da Monga do extinto parque paulistano Playcenter, que assustou gerações de crianças e adolescentes.

— Meu propósito é homenagear Marco Ferreri e todos os artistas que montam ou já montaram o número da Monga em algum lugar do mundo.

Monga
Quando: Quarta, 21h. 50 min. Até 11/12/2013
Onde: Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo Adré, São Paulo, tel. 0/xx/11 4469-1200)
Quanto: R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia-entrada) e R$ 2 (comerciário e dependentes)
Classificação etária: 12 anos

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