Entrevista de Quinta – “Telefone não para”, dizem Gustavo Ferreira e Robson Catalunha, das Satyrianas
Por Miguel Arcanjo Prado
Começa às 18h desta quinta (14) a 14ª edição das Satyrianas, o grande festival de arte realizado na praça Roosevelt, no centro paulistano. A festa vai até domingo (17), com 78 horas de cultura espalhada por todos os cantos da praça (conheça a programação completa).
O evento foi criado pelos fundadores do grupo Os Satyros, Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez. Mas quem toca o dia a dia do projeto atualmente é Gustavo Ferreira, coordenador geral das Satyrianas, e Robson Catalunha, produtor geral do festival. Eles lideram a equipe de cerca de 130 profissionais que fazem o evento.
Na loucura das últimas horas antes do começo, eles toparam conversar com exclusividade com o Atores & Bastidores do R7 nesta Entrevista de Quinta. Falaram sobre a loucura, contaram que ganharam amigos e inimigos e ainda revelaram que, mesmo em meio a tanto trabalho – são cerca de 1.500 artistas participantes – eles se divertem também.
Leia com toda a calma do mundo:
Miguel Arcanjo Prado – Como vocês dão conta de 78 horas de programação sem parar; ficam sem dormir?
Gustavo Ferreira – Eu digo que a gente não dá conta. A gente sobrevive! [risos].
Robson Catalunha – Eu moro na praça, por isso, optamos no primeiro ano em dormir todo mundo junto, porque quando dá um problema a gente tem de resolver. O problema é que a gente não dorme, acaba planejando o dia seguinte e rindo das coisas engraçadas que aconteceram durante o dia.
Mas além de rir e dormir vocês fazem outras coisas nestas reuniões noturnas?
Robson – Não tem essa possibilidade [risos]. Somos apenas amigos. Com meus grandes amigos eu nunca tive nada. Já inventaram por aí que a gente tinha algo. Tudo mentira.
Gustavo – Robson e eu fomos por muitos anos o casal da praça Roosevelt na boca do povo [risos].
Artista geralmente é carente. Como vocês dão conta de dar atenção a tanta gente com 500 coisas diferentes na programação?
Gustavo – Meu telefone não para de tocar! Para você ter uma ideia, Miguel, desde a hora que começamos esta entrevista já perdi três ligações, porque botei no vibra. Mas esta é a graça do festival. A gente convida, eles fazem inscrição, então, a melhor forma de reconhecimento é tratá-los bem e fazer com que cada espetáculo e show tenha a melhor estrutura possível.
Quem é o público das Satyrianas?
Gustavo – Olha, o público tem mudado muito. Esta é minha sétima Satyrianas, e, por conta das novas atividades tem vindo um novo público, diferente do público de teatro e de show tradicionais. Tem a turma do skate, do hip hop, do Satyricães. São várias tribos.
Robson – A gente tem percebido é que tem vários grupos que vêm do interior.
O povo faz caravana?
Robson – Sim. Organiza e tudo! Vem gente de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Rio, Maranhão… E olha que só temos verba para produção. Não podemos custear a vinda de ninguém. Mas a galera vem mesmo assim.
Gustavo – E este ano ainda terá gente de fora do Brasil, no projeto Conexões Internacionais, tem Cabo Verde, Portugal, Uruguai… A ideia é expandir isso no ano que vem.
É tanta coisa que nem nós, jornalistas, damos conta. Qual a alternativa para dar visibilidade a tanta gente?
Gustavo – A gente tem nosso site e a programação impressa, com destaque semelhante para todos. A assessoria de imprensa também trabalha em diversas frentes. A gente tenta fazer com que todos participem de forma igualitária.
Robson – O Fotomix é um coletivo de fotógrafos que registra essa infinidade de atrações. Isso é bacana, porque além do registro nosso, o próprio artista tem acesso também a estas imagens. No ano passado, registramos em foto e vídeo 90% das atividades.
Nesta época do ano todo mundo quer ser amigo de vocês?
Gustavo – Eu construí grandes amizades e pequenas e poucas inimizades, por conta de algo que deu errado ou caiu da programação. Mas o que eu mais gosto é que as Satyrianas tomam minha vida neste momento. Parece que nesta época do ano tenho uma placa na minha testa que diz: Gustavo Ferreira – Coordenador das Satyrianas. É importante registrar que contamos com a ajuda de muitas pessoas, os curadores, o pessoal da técnica, da produção, da equipe dos Satyros. Não fazemos nada sozinhos!
Robson – Na verdade, é assim, as Satyrianas têm como ideologia oferecer ao público gratuitamente a maior quantidade de espetáculos. É o maior festival de São Paulo, todo mundo paga o que puder. A gente fica muito feliz quando os grupos topam participar. Eles sabem que a gente faz isso por amor ao teatro, para oferecer um presente a cidade, ninguém ganha grana com isso. A gente já está com nosso orçamento estourado. É gratificante ver amigos oferecendo espaços e participando. Tem gente que fala mal também, né? Mas, fazer o quê?
Veja o site oficial das Satyrianas!
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Bom para quem tem essa possibilidade e consegue aproveitá-la!