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Domingou – Pela valorização dos nossos mestres

 

O teatro também está de olho na educação do País – Fotomontagem

Por BRUNA FERREIRA*

Admito que me sinto em casa quando encontro entrevistados que gostam de discutir a educação. Literalmente. Cresci em uma família de professores em que a questão da valorização do ensino sempre foi central. Talvez por isso mesmo tenho uma tendência a alinhar minhas ideias com pessoas que pensam da mesma forma.

Na primeira reportagem que escrevi para o Atores & Bastidores, durante as férias do Miguel Arcanjo, conversei com o Ivam Cabral, diretor-executivo da SP Escola de Teatro. Ele falava sobre a importância de promover o acesso à cultura e educação.

— Temos encarado que a pedagogia não está na sala de aula. Pedagogia nós fazemos ao atender ao telefone. Ela está no dia a dia. A gente está no terreno da educação, que é uma troca de saberes.

Em uma entrevista para a coluna Dois ou Um com o jovem ator Bruno Fracchia, que também é professor, ele falou até com certa poesia sobre o que é ensinar.

— Um verdadeiro professor está sempre a compartilhar tudo o que aprende e aprendendo também com seus alunos. Conheço muitos que sonegam conhecimento a seus aprendizes pelo medo de “secarem” o seu saber. Estes são apenas medíocres preguiçosos exercendo uma função docente. Ser professor é outra coisa. É como ser artista!

Nas Entrevistas de Quinta, tive a oportunidade de falar de educação em três oportunidades. A jovem atriz Ediana Souza, que está em cartaz com o espetáculo Nossa Cidade, exaltou a oportunidade de ser dirigida por Antunes Filho, que em suas palavras, “é um mestre”.

— Aprendi que é essencial estudar muito, sempre, ter técnica, domínio do que você está fazendo no palco. É preciso evoluir como artista e ser humano, alimentar o espírito, ver bons filmes, ouvir música, ler muitos livros. Ele sempre manda a gente visitar as exposições de arte que estão na cidade [risos].

Blota Filho, que está em cartaz com a peça Chá das 5, lembrou da importância daquela educação que, como a gente diz, “vem de casa”.

— Tenho muita coisa da personalidade de minha mãe. Dona Haydée e meu pai, o radialista Geraldo Blota, me ensinaram a ser o homem que sou hoje. De caráter, de simplicidade. Ver o outro como um igual, sem arrogância. Ser humilde, sem ser humilhante. Ela sempre me dizia: “Nunca esqueça de onde você saiu, chegando aonde você chegar”. E meu pai completava: “Mesmo porque você pode ter que voltar um dia”.

Para encerrar, pude perguntar ao diretor Alexandre Reinecke, que completa 30 anos de carreira este ano, o que poderia ser feito no Brasil para permitir que as pessoas tivessem acesso ao teatro. A resposta dele veio ao encontro de tudo o que acredito.

— Tem que começar com a educação para o povo. Em um País que trata as pessoas como um lixo, a educação vai ser um lixo. É preciso que as pessoas se interessem pela cultura, a gente está formando um País sem educação. Isso é gravíssimo.

Este post é uma despedida do blog, pois o colunista volta esta semana, mas é também um agradecimento pelos ensinamentos que pude adquirir durante o período. Pelas entrevistas generosas e pela luta diária que os profissionais do teatro travam diariamente por cultura e educação no País.

É também uma forma de deixar aqui registrado a imensa gratidão que tenho pelo Miguel Arcanjo, jornalista comprometido e que me transmitiu todas as suas verdades sobre a nossa profissão. Um dos meus mestres no jornalismo e na vida. Como todo aprendizado deve ser.

*Bruna Ferreira é repórter do R7. É formada em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Universidade de São Paulo), onde cursa mestrado. Ela escreve interinamente neste blog até 18/2/2014, período de férias do colunista Miguel Arcanjo Prado.

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