Domingou: Deixem a Vera Fischer em paz!
Por MIGUEL ARCANJO PRADO*
Carnaval, como todo mundo sabe, é a festa da carne. Ou melhor, a festa dos prazeres da carne, como a etimologia do próprio nome diz. Daí a esbórnia coletiva quase obrigatória em todo o País e que faz do Brasil destino turístico de qualquer gringo que queira colocar as manguinhas de fora antes da Quarta-feira de Cinzas.
Jorge Amado, nosso grande escritor baiano, até nos definiu como O País do Carnaval, nome de um de seus inesquecíveis romances. Pois foi justo nesta terra e nesta época do ano, onde ver pessoas sóbrias nos desfiles e blocos é algo quase impossível, que surgiu a ideia de fazer de uma conhecida atriz o Judas da vez.
Vera Fischer, nossa eterna musa, no auge da beleza de seus 62 anos, surgiu um tanto quanto inebriada em uma entrevista na Sapucaí que logo virou hit na internet.
Na gravação, Vera, descontraidíssima, contou toda serelepe que havia resolvido sair de casa só para homenagear Boni, o ex-diretor da Globo homenageado pela escola de samba Beija-Flor. Tropeçando nas palavras e até mostrando a linguinha às vezes, Vera revelou que detesta multidão e que não tem mais paciência para os camarotes da avenida.
Vera estava bêbada, todos logo concluíram ao ver o vídeo, muitos chocadíssimos. Os amigos dela até tentaram dizer que foi uma queda de pressão, e não a bebida, que obrigou a atriz a deixar o sambódromo carregada. Ninguém acreditou e, logo, os juízes de plantão acusaram a musa de dar vexame. Como pôde Vera Fischer surgir bêbada assim no Carnaval?, questionaram os cuidadores da moral alheia.
Mas, minha gente, a pergunta a se fazer é outra: como há gente hipócrita assim no Brasil e, ainda mais, em pleno Carnaval? A quem ocorre a ideia de julgar Vera Fischer por ter bebido na madrugada na Sapucaí?
Qualquer um que já esteve num desses camarotes patrocinados por cervejaria e apinhados de celebridades sabe que beber é quase que obrigatório para suportá-los.
E outra coisa: quem pula Carnaval geralmente bebe. Tanto que esta é a época de ouro de vendas para qualquer bebida alcoólica. Os blocos que agitam o Brasil não são feitos de pessoas sóbrias. Muito pelo contrário. Daí, a conclusão: se todo mundo pode beber e se acabar no Carnaval, por que só a pobre coitada da Vera Fischer tem de manter a linha na folia? Ela deu um show de verdade, enquanto muitos famosos por aí fazem tudo escondido. É assim que tem que ser?
Por favor, deixemos todos a hipocrisia de lado e olhemos para a vida com um pouco mais de leveza e humor. Deixem a Vera Fischer em paz! Vera, beba o que você quiser. Você é dona de seu nariz e ninguém tem nada com isso.
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e acha que hipocrisia não combina com Carnaval. A coluna Domingou, uma crônica semanal, é publicada todo domingo no blog Atores & Bastidores do R7.
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Hummm…concordo totalmente com a opinião do Jornalista…..deixem a Vera em paz! Ela tem – COMO TODO MUNDO – o direito de beber e dar o vexame que quiser, afinal quem nunca fez isso no Carnaval do Brasil??? beijos Vera.
Concordo com vc, Miguel! Deviam deixar a Vera Fischer em paz! Será que só ela bebeu demais no carnaval? Não sei por que as pessoas gostam tanto de falar mal da Vera.
Aposto que ela está muito preocupada com isso dever ganhar o salario da globo bem altooooo sem fazer nada! é vocês com bla,bla,bla afffff
De fato, há gente que faz bem pior e faz a linha “comportada”. Mas há também quem seja realmente comportada e não está fazendo encenação. Acho que as pessoas são livres para beber, desde que acima de 18 anos, obviamente. Mas entendo se a crítica fosse no sentido de Vera ser uma pessoa pública e, portanto, formadora(?) de opinião. Contudo, o que se vê é que ela foi eleita para ser o “bode expiatório” da vez. Aí vem uma questão sobre o próprio Jornalismo de Celebridades: qual é o limite ético para gerar acessos, “likes”, compartilhamentos e destaque para um blog ou página? Vera, como qualquer pessoa, está sujeita a erros. Discordo veementemente de algumas de suas atitudes no passado e acho que ela fez algumas escolhas erradas na vida (que, ao final, só causaram dano a ela própria), mas acho também que deve ser atribuído o valor que ela merece. Ela já fez Televisão, Cinema e Teatro e foi uma das mulheres mais bonitas do Brasil. Ela é uma dessas pessoas de espírito livre, indomáveis, como foi Leila Diniz. Não estou dizendo que apoio essa postura – que é bem longe da minha realidade -, apenas opinando como ela deveria tentar ser entendida. Porque é fato de que, em geral, ela é sincera. E paga o preço por isso.
Ainda é uma mulher bonita, e estava alegre, bebemorando, so estava se divertindo, que mal tem isso?
Primeiramente quero parabenizar o Miguel Arcanjo pela excelente dissertação. Parabenizo também o Felipe (seja ou não o Camargo)por sua inteligente manifestação. De minha parte, aos 60 anos de idade, acompanhei mediaticamente toda a trajetória da Vera nas artes cênicas e posso afirmar com segurança que ela, (além de bela), está no panteão das maiores atrizes que orgulham nosso País e que contribuí certamente na divulgação da arte brasileira no exterior. Não será jamais um “porre ou mil” que denigrirá a beleza, grandeza e talento desta GRANDE MULHER!
“Vera não pode pecar” é o filme dirigido e selecionado por uma casta moralista que eregiu nossa atriz, livre, ao posto ficcional de anjo, o que nossa atriz abomina, exibindo uma de suas inúmeras facetas, faculdade essa intrínseca a qualquer mortal face à folia carnavalesca. Já bem disse Cristiane Torloni, “hoje é dia de rock, bebê”, durante símile patrulhamento em evento musical. Portanto, deixem os adultos em paz, ainda que eles sejam, como dizem, “formadores de opinião” (isso, AQUI, já soa dogmático).
Vera é um ser humano de primeira grandeza. E paga o preço alto por isso.