“Se acha sensual, é problema seu”, diz diretor Jorge Takla sobre polêmica Jesus Cristo Superstar
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Fotos de BOB SOUSA
Quase 45 anos depois de seu lançamento na Broadway, o musical Jesus Cristo Superstar ainda consegue causar polêmica.
O foco da vez é a imagem de divulgação da versão brasileira do espetáculo, que traz o Igor Rickli, que vive Jesus, sem camisa, com a coroa de espinhos e a mão nos bolsos de uma calça.
A superprodução que estreia no Teatro do Complexo Ohtake Cultural nesta sexta (14) tem direção de Jorge Takla e produção da T4F.
Apesar de confidenciar à reportagem, nos bastidores da coletiva de imprensa de lançamento da montagem, que “polêmica ajuda a vender ingresso”, o diretor Jorge Takla afirmou que não quer ofender ninguém com a imagem.
— A imagem que a Igreja Católica tem de Jesus é semelhante à nossa. Toda igreja tem um Jesus sem camisa, com coroa de espinhos e com a fraldinha. Nós ainda estamos com calça jeans no nosso.
O diretor afirma que a escolha de Rickli para o papel não foi dele. E revela que havia três atores finalistas para o papel, e que a decisão final partiu do escritório londrino que detém os direitos da montagem do musical de Andrew Lllowd Webber e Tim Rice.
Takla conta que fez uma versão “mais clean” em comparação com o original, “mais hippie”. A versão para as letras, elogiada pelo diretor, é assinada por Bianca Tadini e Luciano Andrey. A coreografia é de Anselmo Zolla.
“É problema seu”
Questionado pelo R7 sobre a sensualidade da foto de divulgação, o diretor fez a seguinte afirmação:
— Se você acha que é sensual, é um problema seu. Eu não acho. Mas tenho de dar parabéns ao departamento de marketing.
Rickli contou que já sente a reação das pessoas diante da polêmica em torno de seu personagem.
— Algumas pessoas ficaram ofendidas, outras gostaram [da foto de divulgação com ele sem camisa]. Eu me simpatizo com a figura de Cristo. Ontem, no ensaio aberto, muitas pessoas disseram que o musical conseguiu tocá-las. Quanto a estar sem camisa no cartaz, é um tabu que está na cabeça das pessoas.
Takla fez questão de dizer que é “católico e cristão”. E que respeita todas as religiões.
— O Brasil é um país laico. Essa peça não fere em nada minha fé. É normal uma obra de arte gerar polêmica. Ela serve para isso. Todo mundo tem o direito de não gostar como temos o direito de nos expressar. Polêmica é normal, acho saudável.
Durante a entrevista coletiva de lançamento do espetáculo, na última segunda (10), Takla dizia aos jornalistas que aproveitassem a passagem de cena, porque depois “teriam de comprar ingressos para ver”. O problema foi que a luz do teatro acabou justamente na cena da crucificação, na qual Rickli fica sem camisa, deixando a todos no escuro.
Jesus Cristo Superstar
Quando: quinta e sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 18h. 130 min. Até 8/6/2014.
Onde: Teatro do Complexo Ohtake Cultural (r. Coropés, 88, Pinheiros, tel. 0/xx/11 3728-4929)
Quanto: de R$ 25 (meia) a R$ 230
Classificação etária: 12 anos
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Não acho sensual, acho apelativo. E faltar luz na cena da crucificação parece até castigo divino.