Eriberto Leão incendeia Festival de Curitiba com discurso psicodélico de Jim Morrison e do The Doors
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O rock nunca mais foi o mesmo após, em 1965, surgir a banda californiana The Doors, liderada por Jim Morrison (1943-1971), cuja morte aos fatídicos 27 anos ninguém sabe até hoje direito por que ocorreu — a versão mais aceita é de o cantor teria sido vítima de uma overdose de heroína.
Seu rock psicodélico invade o palco do Teatro Guaíra, a partir desta terça (1º), dentro da programação do Festival de Teatro de Curitiba, na peça Jim.
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Trata-se de um espetáculo-show idealizado por Eduardo Barata e Eriberto Leão, que protagoniza a obra. Walter Daguerre assina o texto; já a direção é de Paulo de Moraes, que também assina a cenografia.
11 músicas
Apesar da semelhança de Leão com Jim, na história ele é João Mota, um homem que não conheceu o cantor, mas que corre atrás das ideias difundidas pelo líder do The Doors. Ele divide a cena com a atriz Renata Guida.
Ambos são acompanhados por 11 músicos que tocam as 11 canções do espetáculo. Clássicos como Light my Fire, Rides on the Storm e The End estão confirmados no repertório. Esta última música, Leão já havia cantado em sua primeira peça, em 1996.
O ator embalou o projeto por mais de 23 anos até concretizá-lo. “Conheci o som do The Doors aos 18 anos e fiquei alucinado. Sempre soube que um dia iria fazer esta peça”, confessa.
E diz que o espetáculo “é uma homenagem ao artista que abriu as portas” de sua “inquietação, das artes dramáticas, da literatura e da percepção”, fazendo uma referência ao livro As Portas da Percepção, livro de 1954 de Aldous Huxley, cujo título é inspirado em uma frase de William Blake. A obra serviu também de referência para o nome da banda de Morrison.
Ricco Vianna faz a direção musical; Maneco Quinderé assume a luz, e Rita Murtinho, os figurinos.
Leão espera mobilizar a plateia curitibana, assim com já fez com a carioca. “É um espetáculo que vai além do entretenimento, é ideológico. Acho que tem a ver com o momento que o País vive”, encerra.
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O momento atual do Brasil é psicodélico? Acho que a busca por liberdade pode, de fato, ter relação com o contexto brasileiro atual. Mas os ideais da tribo psicodélica do passado não se adequam muito hoje a todos. Não depois dos “yuppies” e do fenômeno dos “workaholics”. Mas certamente agradará à tribo dos “Descoladinhos de Plantão”. Eriberto é bom ator e tem beleza para ser até modelo, mas, para mim, discursos psicodélicos não são muito atrativos. Sou do tipo que optaria por uma peça como aquela da viagem de ônibus, daquele pessoal (Tia Zózima ou algo assim).