Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial do R7 a Curitiba*
O Fringe é a mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, que chega ao fim neste domingo (6), após 13 dias de festa teatral na capital paranaense e público total de 230 mil pessoas no maior evento das artes cênicas do Brasil. Destacar-se em meio a mais de 400 peças é tarefa difícil. O Atores & Bastidores do R7 reuniu algumas imagens de montagens que marcaram o evento com sua proposta de diversidade, como a obra curitibana O Tempo É Fluido Aqui (foto acima), dirigida e escrita por Alexandre Bonin, que reuniu jovem elenco para discutir as escolhas de cada um.
Veja, abaixo, outras peças que deram seu recado no Fringe:
Dramaturgo reconhecido, Mario Bortolotto estreou no Festival de Teatro de Curitiba seu novo drama, Whisky e Hamburguer, no qual contracenou com Patricia Vilela. A obra conta a história de um homem abandonado pela mulher, que mergulha na depressão até receber a visita de uma amiga.
E no Fringe não faltou espaço para comédia. A peça Resta 1, da Antropofocus, de Curitiba, reuniu um verdadeiro time de improvisadores no palco. Com direção de Andrei Moscheto, a obra divertiu o público do Teatro Regina Vogue.
Vindos de Belo Horizonte, os artistas da Cia. Exposta de Teatro apresentaram a peça Sobre Atos e Palavras. Em cena, um embate entre um escritor e um advogado inspirado no livro Fausto, de Goethe. Com direção de Mariana Bizzotto, a obra foi encenada por Bia Rodrigues, Thiago Di Nazaré e Marco Fugga.
O Fringe também guardou lugar para as tradições nordestinas. O espetáculo Nordeste pra Frente, do Bando do Padim Vô, de Camaçari, na Bahia, levou o ritmo de sua terra para o palco do Solar do Barão. O público vibrou com o musical composto de cordéis dos nove Estados da região mais alegre do País. A direção é de Enoque Norberto.
E houve espaço também para atores da melhor idade. A peça E Toda Vez que Ela Passa Vai Levando Qualquer Coisa Minha, dirigida por João Butoh com artistas da cidade paulista de São Simão, comoveu os curitibanos com seus fantasmas andando pelo centro histórico.
A força do cangaço brasileiro invadiu as ruas do centro curitibano com a peça O Testamento do Cangaceiro, da Cia. Dell’arte, de Catanduva, no interior de São Paulo. Contaram a história de Cearin, um moço nordestino que tenta a sorte na cidade grande. O povo aplaudiu.
Quem viu a apresentação da peça O Que É Que Esse Baiano Tem? poderia imaginar que o grupo era de Salvador. Grande engano, a montagem é carioquíssima. Na verdade, é uma homenagem à Bahia feita pelo Grupo Teatral Aslucianas, do Rio, embalada pelas canções de Dorival Caymmi, que completaria 100 anos em 2014. Belo presente.
A turma da Cia. Transitória manteve sua presença forte na mostra Coletivo de Pequenos Conteúdos, no TUC (Teatro Universitário de Curitiba), dentro do Fringe. Uma das obras apresentadas foi Para Poe, com um ser exótico com dramas existenciais vindos direto da década de 1980. Surreal.
O palhaço também foi para a rua durante o Festival de Teatro de Curitiba. Neste caso, vindo diretamente de Cascavel, no interior do Paraná. Seu nome? Tupisco Papipaquígrafo, criação do artista Adriano Brandão, que conclamou o público a usar a imaginação em Inquilíbrio. Coisa boa.
Os brasilienses não poderiam ficar de fora do Fringe. A trupe Os Melhores do Mundo levou sua peça Mercedes com Z, dirigida por Adriana Nunes. Com um cenário digno de Almodóvar, contou as mazelas de uma simples dona de casa. Com direito a muito riso e também emoção.
E houve direito também a homenagem literária no Festival de Teatro de Curitiba, 2014. O monólogo O Homem que Acreditava lembrou a obra de Caio Fernando Abreu no Fringe, no Teatro Mini-Guaíra. Marcio Meneghell, do Núcleo Rindo à Toa, subiu ao palco dirigido por Edson Bueno. Comoveu a plateia.
E entre os monólogos do Fringe esteve O Olhar de Neuza, sobre as agruras de uma mulher na menopausa. A peça da Cia do Abração, de Curitiba, integrou a Mostra Internacional de Solos do evento.Fabiana Ferreira assumiu a personagem-título, sob direção de Letícia Guimarães. Mostrou que é preciso se redescobrir.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba.
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