Crítica: Satyros inverte lógica e Phedra D. Córdoba vive intensamente e canta Beatles em Não Morrerás
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Phedra D. Córdoba é um mar de signos. E o diretor Rodolfo García Vázquez parece saber disso muito bem ao colocá-la no centro do espetáculo Não Morrerás, do grupo Os Satyros, que tem texto do médico Drauzio Varella.
A obra faz parte da série E Se Fez a Humanidade Ciborgue em Sete Dias, com sete distintas montagens. Esta aborda a finitude da vida e também as diversas formas de corpos atuais, incluindo aí aqueles construídos, seja em mesas de cirurgias ou por meios digitalizados.
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A diva cubana Phedra D. Córdoba surge em cena com sua presença evidente de sempre. Faz um número musical, ao vivo, Something, dos Beatles, que começa com os versos “Alguma coisa no jeito que ela se move me atrai como nenhum outro amor”. Uma verdadeira ode ao carisma de Phedra.
Os atores Bruno Gael, Fabio Ock, Fábio Penna, Tiago Leal e Henrique Mello são como pajens, rodeando as duas figuras centrais da obra.
Porque, em contraponto a Phedra, está a personagem de Katia Calsavara, uma boneca ciborgue cujo rosto coberto pela tela de um tablet vai sendo modificado ad infinitum, tal qual os obcecados por plásticas dos tempos atuais. Uma direta e poética crítica à ditadura da beleza.
E o público logo percebe que a personagem de Katia, que a constrói de forma sensível, é desprovida de vida, mesmo diante de toda beleza pré-fabricada. A seu lado, ali, no auge dos seus 75 anos, com sua beleza concreta e histórica, Phedra está muito mais viva e plena do que aquela boneca, praticamente morta em sua beleza inventada.
É por inverter a lógica óbvia que Não Morrerás se destaca. E, claro, por colocar Phedra no lugar em que merece estar: o de diva maior da praça Roosevelt, reinando sobre o palco mais inquieto do teatro alternativo paulistano.
Não Morrerás
Avaliação: Muito bom
Quando: Domingo, 15h30. 50 min. Até 28/9/2014
Onde: Espaço dos Satyros 1 (praça Roosevelt, 214, metrô República, São Paulo, tel. 0/xx/11 3258-6345)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Classificação etária: 14 anos
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A personagem de Katia Casalvara é bastante oportuna. Realmente há pessoas que mudam até as feições por conta de tantas cirurgias. E, algumas vezes, o resultado é pior do que o original.
Miguel, uma dúvida: o sobrenome da atriz é Kasalvara ou Casalvara? No texto, está grafado “Casalvara”, mas, na legenda da foto, está “Kasalvara”. Por favor, corrija esse detalhe!
Phillipe, eu sem você não tenho porquê. Corrigido e muito obrigado!