Crítica: Mateus Solano faz peça de Paula Braun, sua mulher, para expor coisas que importam na vida

Karine Teles e Mateus Solano na peça em cartaz no Teatro Renaissance – Foto: Guga Melgar

Por BRUNA FERREIRA*

Qual é o tamanho do mundo? Não aquele mundo dos livros de geografia, mas o mundo, mundo. Aqueles em que as pessoas acordam todos os dias, se casam, têm filhos, trabalham e, vez ou outra, bebem espumante.

Em sua estreia como dramaturga, Paula Braun entrega ao público um texto fácil e divertido. Do Tamanho do Mundo é um espetáculo para se ver com a família toda, ainda mais se a família for daquelas que se reúne no almoço de domingo, na frente da televisão para ver a novela das nove.

Quem chega ao teatro, muitas vezes, só quer ver uma coisa: cadê o Félix? O personagem de Mateus Solano na novela Amor à Vida, consagrado na história da televisão pelo tal beijo gay, deixou saudade da vovó ao filhinho. Muito astuto, o ator não deixa o fã decepcionado, se é que me entendem. Mais que isso é entregar todo o jogo.

Solano, marido de Paula, interpreta Arnaldo. Um homem comum, que entra em colapso em uma manhã qualquer. Ao retornar do surto, com a ajuda de sua mulher, ele, de repente, percebe que não cabe mais em sua vida, sua casa, seu emprego, seus sapatos.

Marta, personagem de Karine Teles, vê seu mundo de ponta cabeça com a mudança do marido. Quando há toda uma vida construída em par, o que se pode fazer quando o outro já não dança no compasso?

Marta e Arnaldo já não falam a mesma língua e precisam construir um novo laço a partir deste momento, que pode ser de separação ou recomeço.

Tudo poderia ser muito pesado, mas não é. Arnaldo e Marta provocam o riso pelo choque. Enquanto um diverte pela descoberta, a outra faz rir pela repetição. A peça conta também com Alcemar Vieira, um narrador com pinta de demônio, que enche a cena de humor negro, e Isabel Cavalcanti, com sua Dalila (ou Lila, como preferir).

Isabel tem a difícil missão de entrar em cena muito depois do início da peça. O deslocamento do eixo principal não apenas é delicioso como rouba a cena e faz crescer a trama.

Do Tamanho do Mundo é um espetáculo para quem consegue rir das diferenças e sabe aproveitar o grande acontecimento que é o simples encontro entre duas ou mais pessoas. A peça tem direção de Jefferson Miranda.

Espetáculo com Mateus Solano mostra o relacionamento de um casal – Foto: Guga Melgar

E do tamanho da gente…

No dia em que o blog foi conferir o espetáculo, dois meninotes, loirinhos, acompanhados de um homem, que deveria ser o pai, esperavam animados pela peça. Subiram e desceram dos assentos, treparam no colo do pai e até que ficaram bem quietinhos.

Pelas costas, só se ouvia “quero a minha mãe”, “a gente vai ver a mamãe, né?” e todo tipo de variação do tipo. De tão bonitinhos, viraram até personagem da peça. Lila desceu do palco e prometeu levar os pequenos para sua casa. Os dois agarraram bem forte no pescoço do pai ao ver a espalhafatosa personagem.

Fim da peça, aplausos, agradecimentos e acabou o martírio dos meninos. Finalmente, eles puderam correr para os braços da mamãe, a atriz Karine Teles, que faz o par romântico de Mateus Solano.

Ela não segurou a emoção ao dizer que aquela era a primeira vez que atuava para a plateia mais importante de sua vida.

O mundo é muito, muito mais.

*Bruna Ferreira é repórter do R7. É formada em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP (Universidade de São Paulo), onde cursa mestrado.

O ator Alcemar Vieira e Mateus Solano em cena da peça Do Tamanho do Mundo – Foto: Guga Melgar

Do Tamanho do Mundo
Avaliação: Bom
Quando:
Sexta, às 21h30; sábado, às 21h; domingo, às 18h. Até 08/06/2014
Onde: Teatro Renaissance (al. Santos, 2233, Jardins, São Paulo, tel. 0/xx/11 3069-2286)
Quanto: R$ 60 (sex.) e R$ 80 (sábado e domingo)
Classificação etária: Livre

Curta nossa página no Facebook!

Leia também:

Fique por dentro do que rola no mundo teatral

Descubra tudo o que as misses aprontam

Tudo que você quer ler está em um só lugar. Veja só!

Please follow and like us:

2 Resultados

  1. Phillipe disse:

    Adoráveis os meninos buscando a mãe. Inocência infantil.

  2. Cristina disse:

    Simplesmente maravilhosa, ri muito e refleti bastante também, me identificando com todos os personagens de alguma forma e assim fazendo minha própria personagem ao longo da peça.
    Parabéns a todos, à produção, atores e ao público de Curitiba que esteve prestigiando a peça (onde pude compartilhar dessa história) e em relação às crianças, mais um aprendizado, de como eles veem a vida de forma simples, sem máscaras, no palco estava a atriz, mas também a mãe e era essa que eles conheciam!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *