70 anos de Chico Buarque: ele poetizou um povo
Por KLEBER MONTANHEIRO*
Especial para o Atores & Bastidores
Para mim, pesquisar o universo de Chico Buarque é rever a história do Brasil e de um povo.
Sua obra é jornalística e ao mesmo tempo revisteira: cria releituras e revisões de um país que, no seu desenvolvimento, às vezes esquece que a sua maior força está no seu povo, na construção de um caráter nacional, tão invejado por muitas outras nações mundo afora.
A obra de Chico Buarque faz parte da história do Brasil.
Não como patrimônio ou bem cultural, mas como uma grande crônica que acompanha os passos de um país que “vai levando”.
Se “não tem mais jeito” e “a gente não tem cura”, Chico recebeu todas as influências do seu pai Sérgio Buarque de Hollanda para em 70 anos construir um dos mais importantes repertórios da MPB.
Músicas que muitas vezes falam da cordialidade defendida pelo historiador em Raízes do Brasil e que o filho soube tão bem transformar em poesia, em documento histórico, mas dentro da sua função primeira: ser artista.
E, sendo quem é, poder sonhar. Sonhar que existe uma ponta de esperança, que o Brasil poderá ser o país do futuro, que o seu povo um dia vai romper essa Roda Viva para simplesmente ser uma grande nação.
E, aos poucos, como diria também o malandro e o amante Francisco Buarque de Hollanda: “não se afobe não, que nada é pra já… milênios, milênios…”
*Kleber Montanheiro é ator e diretor da Cia. da Revista, que estreia em agosto Ópera do Malandro, peça de Chico Buarque, em sua nova sede, na Barra Funda, em São Paulo. Ele escreveu este texto especial a pedido do blog em celebração aos 70 anos de Chico Buarque, comemorados nesta quinta (19).
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