Chico Buarque faz 70 e foge de festa no Brasil
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O aniversariante não aparecerá para apagar as velinhas nesta quinta (19), dia de festa na música, na literatura e no teatro brasileiro. Afinal, é data em que Chico Buarque completa 70 anos de vida.
O cantor, compositor, escritor e dramaturgo, que sempre teve fama de tímido, não quis saber de comemorações por aqui. Motivos não faltam para celebrá-lo, porque ele também completa 50 anos de carreira.
Entretanto, em pleno aniversário, Chico fugiu do Brasil, para não ter de lidar com tanto festejo.
Preferiu se refugiar no isolamento de seu apartamento em Paris, onde escreve seu próximo livro.
Além disso, Chico, que odeia tumultos, não quis saber de ficar no Brasil durante a Copa do Mundo.
Seu objetivo, mais do que festejar os 70 anos de vida, é terminar o romance, que prometeu entregar à editora até setembro.
Mesmo com o aniversariante ausente, homenagens a Chico seguem por todo Brasil. E ele será celebrado no teatro também.
Nos palcos paulistanos, a Cia. da Revista apresenta a partir de agosto a Ópera do Malandro, escrita por Chico em 1978.
A peça vai estrear o novo espaço do grupo, no bairro Barra Funda, o mesmo onde a peça foi encenada pela primeira vez, no Theatro São Pedro, sob direção de Luís Antônio Martinez Corrêa, o irmão de Zé Celso.
Ainda no teatro, Ruy Guerra agenda encenar a peça que escreveu com Chico, Calabar, o Elogio da Traição. O infantil Os Saltimbancos, outra obra do cantor, também voltará em breve ao cartaz.
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O maior poeta, compositor de todos os tempos!!!! O tempo passa com sua marca de talento registrada!!!!! Parabéns Chico!!!!!!
Chico Buarque de Hollanda é o melhor compositor brasileiro de todos os tempos. Com outros músicos, em Porto Alegre, fiz apresentações lembrando os 60 e os 70 anos deste gigantesco artista. Na que foi realizada no começo deste mês, somei repertório de Dorival Caymmi, celebrando também o centenário do mestre baiano. E por falar em mestre, Chico superou o soberano Tom Jobim! Trata-se de um criador que enriqueceu a vertente da bossa nova na nossa música com um estilo poético de vasto repertório, uma criatividade lírica e política-social que desconheço se tem paralelo em nosso idioma. Logicamente, Portugal, Brasil, Moçambique, Cabo Verde etc apresentam escritores de alto nível, mas para o que chamo a atenção é a singularidade buarqueana, ao trabalhar também com muita qualidade, por exemplo, para o teatro.
Chico, como eu gostaria de estar ao seu lado, hoje, em Paris. Bastava-me estar a seu lado, quietinha, lhe observando, enquanto você lia o “Le Monde”. Um pedido faço ao Deus do tempo e do espaço: que não permita ir-me daqui sem ter assistido a um show seu.
Feliz aniversário, mestre único e especial!
Interessante que um homem tão hábil em se comunicar com os outros seja tão tímido. Que paradoxo!