Ator que morou na Alemanha vai torcer pela Argentina na final da Copa do Mundo do Brasil 2014
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Apesar de ter morado mais de um ano na Alemanha, o ator, diretor e dramaturgo Léo Kildare Louback, da Sofisticada Cia. de Teatro, de Belo Horizonte, revelou ao Atores & Bastidores do R7 que vai torcer pela Argentina. Nesta final de Copa do Mundo no Brasil 2014, neste domingo (13), no Maracanã, ele prefere os hermanos, e explica o porquê. Veja a entrevista:
Miguel Arcanjo Prado — Como foi ver a Alemanha ganhar do Brasil de 7 a 1?
Léo Kildare Louback — Não vi. Ouvi. E logo recebi algumas mensagens de amigos alemães, que não resistiram e debocharam, me perguntando como eu estava me sentindo. Engraçado. Pra mim, dá igual. Mas interessante ter que responder para amigos sobre a sensação de derrota. Por se tratar da Alemanha, país que tenho imensas afinidades, eu não consigo tampouco ficar triste. É bom ver alemães comemorando em êxtase. Eles lotaram o Brandenburger Tor, em Berlim, festejando. É uma euforia não costumeira de se ver.
Miguel Arcanjo Prado —Para quem vai torcer neste domingo?
Léo Kildare Louback — Para a Argentina, pois me solidarizo mais pelos hermanos que pelos Brüder. Sinto-me mais envolvido pela cultura latina seja como for e futebol pertence, assim como todo esporte, à formação de uma cultura. Não legitimo essa rivalidade inventada entre Argentina e Brasil, mas sei que após uma possível vitória e o título, teremos que aprender a administrar nossa momentânea “desvantagem” como derrotados nos campos, para compartir de boas vibrações para nossa vizinha. Além disso, sabe-se, pelo que se pode já observar nas redes sociais, que muita gente vincularia uma possível vitória alemã a questões de caráter político e social, comparando-a com o Brasil, reavivando as Guerras Mundiais, misturando as presidentes e criando uma Angela Rousseff ou uma Dilma Merkel, pra confundir ainda mais nosso país de ideologias nebulosas. Não podemos ter um país europeu desenvolvido como campeão de mais nada, porque o bom exemplo dele vira um descontentamento irracional e pouco analítico de boa parte da população brasileira.
Miguel Arcanjo Prado — Por que você morou na Alemanha?
Léo Kildare Louback — Morei em Hamburgo pouco mais de um ano. Fui em 2008 e voltei em 2009, como parte do meu intercâmbio. Sou formado em Língua e Literatura Alemã pela UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] e precisava ver por dentro como a estrutura linguística e cultural daquele país se manifestava. Foi determinante sentir essa experiência, no sentido nietzschiano de atravessamento no corpo, para me familiarizar com tudo aquilo que, na universidade, eu só via na teoria.
Miguel Arcanjo Prado — Qual a principal característica da cultura alemã?
Léo Kildare Louback — Há um distanciamento aparente que os faz serem chamados de frios. Uma vez falei com um amigo de Berlim que os alemães eram frios, mas esquentavam com o tempo. Ele ficou revoltado e disse, que a palavra “frio” significava algo bastante pejorativo para eles, a que eles não gostavam de ser vinculados. Depois fui entender que era outra coisa. Eles demoram a se tornar amigos, mas quando são, é pra toda vida, mesmo.
Miguel Arcanjo Prado —O que você mais gosta na cultura alemã, por quê?
Léo Kildare Louback — O afã das pessoas em geral por adquirir conhecimento. Teatro, óperas, concertos, festivais de música que vão do electro ao erudito, cinema, literatura e ciência se conjugam em um mix de coisas que conduz a sociedade ao esclarecimento, a partir dessa educação que vai além da sala de aula. Saber como forma de bem, para eles é tão ou mais sólido que o patrimônio físico que se possa adquirir. A famosa disciplina alemã é muito baseada nisso, para além da pontualidade ou sinceridade, por exemplo. É uma disciplina que precisa ser adquirida por quem deseja se munir de argumentos e esclarecimento sobre seu país e as questões que perpassam a história e a atualidade do mundo, em geral. É um país onde o acesso aos bens imateriais é de extrema relevância para o bem-estar dos que ali vivem, inclusive os estrangeiros.
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Essa entrevista foi bastante natural, mesmo com respostas um tanto quanto rebuscadas. Nota-se que o entrevistado é que é culto mesmo.:) Parabéns para ele, que soube aproveitar a chance que teve para absorver aquela cultura!