Domingou: E o que a gente faz sem eles?
Por MIGUEL ARCANJO PRADO*
O ano está sendo cruel com nossos grandes nomes da literatura. Acabamos de perder Ariano Suassuna, Rubem Alves e João Ubaldo Ribeiro. Numa tacada só, cruel, de uma vez.
A chaga do Gabriel García Márquez ainda não havia sido fechada… Tampouco a do Jorge Amado e a de Zélia Gattai, que já se foram há mais tempo, mas ainda fazem muita falta.
Foi nas bibliotecas das escolas públicas de Belo Horizonte onde estudei que conheci e me apaixonei por todos eles.
Ficavam lá, na estante, à espreita, esperando que os escolhesse. E não titubeava nunca. Alguns, a leitura se dava fácil, de cara. Outros, demandavam tempo. Em ambos os casos, sempre era bom.
Sempre é bom ter um bom livro de companhia.
E eles estão desaparecendo, diante da urgência do novo, do rápido, do tecnológico, da pouca paciência para se dialogar realmente com um autor.
A pergunta fica no ar: será que os tempos atuais, tão velozes e líquidos, não nos deixa mais ter tempo de conhecer os novos gênios da literatura? Ou será que eles não existem mais?
E o que faremos sem eles? Como vamos nos entender? Como vamos nos enxergar?
Será que o que nos resta é ficar no limbo da falta de palavras, da falta de poesia, em um luto constante?
*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e gosta de ler. A coluna Domingou, uma crônica semanal, é publicada todo domingo no blog Atores & Bastidores do R7.
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De fato, estes novos tempos líquidos estão surtindo um indesejado efeito. A comunicação empobreceu. Algumas pessoas parecem desaprender como se dialoga. Tudo é imediato e, muitas vezes, superficial. Há uma louvação ao culto ao corpo e, para muitos, imagem é tudo, nem que para isso seja preciso pisotear quem está ao lado, fazendo o colega de escada para subir alguns degraus. É cruel, porém é uma realidade.