“Minha Geni é bandida como Madame Satã”, diz Kleber Montanheiro que estreia Ópera do Malandro

 

Kleber Montanheiro vive Geni no musical Ópera do Malandro – Foto: Bob Sousa

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Fotos BOB SOUSA

Diz a letra da canção que Geni é boa pra apanhar, boa pra cuspir e, claro, que ela dá pra qualquer um. A personagem maldita de Ópera do Malandro volta a ganhar vida nos palcos paulistanos a partir desta quinta (7) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), na montagem da Cia. da Revista para o espetáculo criado em 1978 pelo hoje setentão Chico Buarque de Holanda.

Cabe ao diretor da trupe, Kleber Montanheiro, que deu ar atemporal à encenação, viver a polêmica personagem travesti. Ele diz que sua Geni “é mais marginal, mais bandida”.

Conta que se “inspirou livremente em Madame Satã”, o emblemático boêmio carioca que nos cinemas foi vivido por Lázaro Ramos. Assim, sua Geni é mais barra pesada. Não é feminina, mas “andrógina”, com a personagem transitando entre “a masculinidade e a leveza feminina”, define.

Erica Montanheiro e Flávio Tolezani em Ópera do Malandro – Foto: Bob Sousa

Ao todo, no palco, estão 18 atores — 13 da companhia e cinco convidados — e 16 canções executadas. Flávio Telezani vive o malandro Max. O grupo conta que o excesso de preto no figurino é homenagem a estilistas potentes como Jean Paul Gaultier, Alexander McQueen e Coco Chanel.

Além de Montanheiro e Tolezani, no elenco de Ópera do Malandro ainda estão Heloísa Maria, Adriano Merlini, Natália Quadros, Pedro Henrique Carneiro, Pedro Bacellar, Paulo Vasconcelos, Gabriel Hernandes, Gabriela Segato, Daniela Flor, Bruna Longo, Luzia Torres, Nina Hotimsky e os convidados Gerson Steves, Erica Montanheiro, Alessandra Vertamatti e Mateus Monteiro.

Os atores cantam ao vivo, acompanhados pelos músicos Gabriel Hernandes (violão), Nina Hotimsky (acordeom), Demian Pinto (piano), Chico Filho (sax) e Beto Dodré (percussão).

Após cumprir a curta temporada de 22 sessões de quarta a segunda no CCBB, na Sé, o musical irá para a nova sede da Cia. da Revista, na alameda Nothmann, 1.135, no bairro de Santa Cecília, centro paulistano, onde estreia em 13 de setembro.

Estética brasileira

O diretor do CCBB-SP, Marcos Mantoan, declara que a montagem segue o fluxo de musicais nacionais no espaço, que já abrigou Vingança, com músicas de Lupicínio Rodrigues, e vai ser palco, no segundo semestre, de musicais sobre Cássia Eller e Odair José. Ele diz que o objetivo é “valorizar a cultura e a estética brasileira”.

Mesmo estreando Ópera do Malandro, a Cia. da Revista já prepara novo espetáculo: Reconstrução, que estreia em 18 de setembro em sua sede.

Elenco de Ópera do Malandro ocupa o palco do CCBB-SP até o fim do mês – Foto: Bob Sousa

Ópera do Malandro
Quando: Quarta a sábado, 20h; domingo, 19h; segunda, 20h. 150 min. Até 31/8/2014 (Não haverá peça nos dias 25 e 27/8)
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, Sé, São Paulo, tel.0/xx/11 3113-3651)
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
Classificação etária: 12 anos

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1 Resultado

  1. Phillipe disse:

    Embora não curta essa estética marginal, reconheço a ótima obra e estudo de realidade que é A ÓPERA DO MALANDRO. E acho correto que seja retratada a histórica de um travesti, pois é uma realidade que não se deve varrer para debaixo do tapete. Ao abordar o tema, ainda que em sua crueza, a peça presta um relevante serviço social ao dar voz a um grupo socialmente excluído.

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