Entrevista de Quinta: “Theatro NET não tem preconceito”, diz Frederico Reder

Frederico Reder: aos 30 anos, ele tem um teatro no Rio e outro em São Paulo – Foto: Bob Sousa

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Fotos BOB SOUSA

O produtor Frederico Reder passou o último mês em uma correria desatada. Dono do Theatro NET São Paulo, que completa um mês de vida no próximo dia 18 de agosto no Shopping Vila Olímpia, ele se revezou entre administração, atendimento ao público, vendas na bilheteria, contato com os artistas e com a imprensa e o que mais aparecesse na sua frente.

Obsessivo, acompanha de perto o trabalho das cerca de 90 pessoas que fazem do Theatro NET Rio, há dois anos, e do Theatro NET São Paulo, há quase um mês, uma receita de sucesso. Com programação eclética, ele afirma que seu palco “não tem preconceito”.

Nesta Entrevista de Quinta ao R7, concedida na plateia de sua sala paulistana, Reder falou de sua paixão pelos palcos e do tanto que aprendeu em São Paulo, quando mudou-se para a metrópole aos 19 anos a convite de Cíntia Abravanel, que fez história à frente do Teatro Imprensa até este ser fechado por seu pai, Silvio Santos, em 2011.

O executivo do teatro, que tem apenas 30 anos, ainda afirmou que quer diálogo com a classe artística paulistana e declarou que suas portas estão abertas a novas ideias.

Leia com toda calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado — Você é o carioca que veio para conquistar as terras paulistanas?
Frederico Reder – Não. Eu quero conquistar o Brasil e o mundo, São Paulo ainda é pequeno [risos]. Estou brincando. Conquistei São Paulo dentro de mim quando vim morar aqui com 19 anos. Eu nasci no Rio e a Cíntia Abravanel me convidou para vir para cá em 2002 e em 2003 eu vim. Agora, volto com um teatro que é uma receita de sucesso no Rio. Conquistar São Paulo é uma delícia, é minha segunda casa. Desde 2003 tenho casa aqui e quero ficar.

Frederico Reder: antes de abrir dois teatros, ele teve preciosas lições com Cíntia Abravanel – Foto: Bob Sousa

Miguel Arcanjo Prado — Então você é cria da Cintia Abravanel e daquela turma dela do Teatro Imprensa?
Frederico Reder – Eu tinha uma produção de um espetáculo, que era o Cantarolando. Era um infantil onde eu já era louco, produzia, dirigia, fazia cenário, figurino, maquiagem. A Cíntia achou lindo e maravilhoso. Que bom que ela gostou. Porque aí minha vida mudou e eu vim morar aqui. Depois do Imprensa fizemos várias temporadas em São Paulo. Fui muito feliz, minha filha nasceu, muita coisa mudou.

Miguel Arcanjo Prado — Como surgiu a ideia do Theatro NET no Rio e como ele chegou em São Paulo?
Frederico Reder –
Primeiro, uma coisa que sempre digo é que nunca sonhei em ter um teatro. Eu sempre sonhei em ter um circo. E eu tive meu circo. Mas depois de um tempo surgiu a oportunidade de revitalizar o Theatro Tereza Rachel no Rio. Ainda em São Paulo, um amigo produtor me propôs revitalizar um teatro. Mas, tinha 20 anos e achei aquilo muito longe da minha realidade. No fim de 2009 e começo de 2010, chegou o momento e comecei uma negociação com a Tereza Rachel que durou dois anos. Em 4 de abril de 2012 inauguramos e inventamos esse palco para todas as artes, com plateia para todos os públicos. Sempre tentando acertar e colocando em prática tudo que nós pudemos conviver em outras praças e casas e ser o melhor para o artista e o público.

Miguel Arcanjo Prado — Como veio o nome NET?
Frederico Reder –
A NET já era minha patrocinadora no projeto Circuito Cultural. Então, resolvi convidar a NET para ser mantenedora. Será que você não me ajuda a pagar essa conta e fazer tudo bem feito? Ela topou e foi uma delícia. Estamos aqui, dois anos e meio de sucesso no Rio, e quase um mês de sucesso em São Paulo.

Miguel Arcanjo Prado — Sei que foi uma correria a véspera da inauguração do teatro, vocês tiveram de cancelar uma apresentação para convidados do show do Gil. Foi um parto difícil?
Frederico Reder –
Foram alguns meses de parto, estou me recuperando ainda, o pós-parto é doloroso. Principalmente um teatro de 2.000 metros quadrados, 800 lugares e um teatro que inaugura com Gilberto Gil. Imagina o tamanho desta minha barriga. Mas pari e estou feliz. A criança é linda, as pessoas estão gostando, está no berçário, já saiu da incubadora e agora é rumo ao sucesso.

Miguel Arcanjo Prado — Todo mundo que chega aqui no Theatro NET São Paulo percebe que o clima de teatro não rola só no palco. Tem toda uma ambientação que faz você se sentir em um cenário o tempo todo. Como foi essa ideia?
Frederico Reder –
Sempre acreditei que a noite precisa ser um espetáculo. A saída com o cônjuge, o primo, o filho, a avó, a tia ou mesmo sozinho, você quer que o programas seja completo. Para isso o espetáculo e o atendimento tem de ser incrível. Acredito muito neste “sistema Disney de operação”. Se a gente puder sempre se dedicar para a pessoa se surpreender do banheiro ao foyer a forma como o público vai ser recebido no teatro, que ótimo. É nosso foco. Quero melhorar a cada dia!

Miguel Arcanjo Prado — Por que o Gil para abrir?
Frederico Reder –
No Rio eu tive a alegria de Bibi Ferreira inaugurar meu palco. O Gil tinha feito a comemoração dos dois anos do Theatro NET Rio e resolvemos abrir aqui com ele, com pé direito. Gil é um dos maiores artistas deste País. É nosso ex-ministro e um grande articulador da cultura. Bibi e Gil são os primeiros da minha lista sempre.

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Dono de teatro no Rio e em São Paulo, Frederico Reder comanda equipe de 90 pessoas – Foto: Bob Sousa

Miguel Arcanjo Prado — Como você faz a programação?
Frederico Reder – Eu não faço nada e ao mesmo tempo faço tudo. Coordeno uma equipe grande, com cerca de 30 pessoas. É a mesma que faz Theatro NET Rio e Theatro NET São Paulo. E cada teatro tem mais 30 pessoas para operar, então são quase cem pessoas. Na realidade, quero que o espaço seja democrático. Eu quero tudo. Abrimos com Gil, agora estreia O Grande Circo Místico, um dos maiores musicais, com músicas do Edu Lobo e do Chico Buarque.

Miguel Arcanjo Prado — O Theatro NET é um teatro sem preconceito?
Frederico Reder – Totalmente. O Theatro NET não tem preconceito. Acho que preconceito não mora aqui e não tem vez no nosso palco. A cortina não abre para o preconceito por aqui. Ele não existe nem na coxia.

Miguel Arcanjo Prado — A gente sabe que o teatro paulistano tem sua turma, suas especificidades, sua tradição. Você abre o teatro nesta cidade onde ele é muito importante. O que você tem a dizer para a classe teatral paulistana?
Frederico Reder – Primeiro, quero dizer que a  cortina vermelha é a minha praia mais do que a areia. Então, mesmo sendo carioca, mesmo morando no Rio, o teatro é mais  minha praia do que o mar. E eu sou muito mais “paulistano” da forma de fazer do que carioca. Sou carioca com muito orgulho, na verdade eu sou fluminense, porque nasci em São Gonçalo. Mas aprendi muito com São Paulo, nesta coisa do atendimento, do serviço de excelência. Os grupos paulistanos são muito bem-vindos. Quero que me procurem, porque eu já estou atrás deles. Convido todo mundo da classe teatral a vir aqui. Mas deixo uma dica: quero fazer coisas diferentes. Não venha me oferecer o que já foi feito. Este palco é para ousar. É para a gente ir além e provocar o público. Vamos inventar moda. Estou aqui para isso.

Frederico Reder, do Theatro NET: “Vamos inventar moda. Estou aqui para isso” – Foto: Bob Sousa

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1 Resultado

  1. Phillipe disse:

    Claramente se percebe, através da entrevista, o quanto Frederico Reder é um empreendedor nato.

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