Com 40 peças de 12 países, Mirada é lançado com peça polêmica; venda de ingressos abre nesta sexta
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial do R7 a Santos*
Uma peça polêmica lançou a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos, na noite desta quinta (14), no Sesc Santos.
Puzzle – Parte D, com a Cia. Ultralíricos, dirigida por Felipe Hirsch, cutucou o ufanismo brasileiro e ainda ironizou aspectos da cultura latino-americana e da língua portuguesa – apesar de o texto da obra incorrer em erro linguístico, conjugando no plural o verbo haver utilizado no sentido de existir.
A polêmica foi grande durante o coquetel após a peça, com pessoas discutindo seu conteúdo. A obra foi falada em português, castelhano e portunhol. O elenco ofereceu a encenação ao ator Guilherme Weber, que não conseguiu se apresentar porque perdeu a mãe no mesmo dia.
Os 785 lugares do Teatro do Sesc Santos foram lotados por autoridades, classe artística da Baixada Santista e personalidades.
Com um nariz de palhaço, a atriz Raquel Rollo, da Trupe Olho da Rua, apresentou a festa e pediu um minuto de silêncio em respeito às vítimas do acidente aéreo de um dia antes em Santos, no qual morreu o candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos.
Ingressos à venda
O Mirada começa no próximo dia 4 de setembro e vai até o dia 13 do mesmo mês com 25 produções internacionais e 15 nacionais, totalizando 40 espetáculos. As vendas de ingressos ocorrem desde as 14h desta sexta (15) no site do Sesc São Paulo e nas bilheterias das unidades.
Como nas outras edições, haverá ônibus gratuito diário ligando São Paulo e Santos para o público da capital paulista que comprar entradas.
“A receptividade do povo de Santos ao Mirada indica que estamos no caminho certo”, diz Luiz Galina, superintendente administrativo do Sesc São Paulo, que representou o diretor regional Danilo Santos de Miranda.
Sete peças do Chile
O Chile é o país homenageado em 2014. Tem sete peças na programação. “Brasil e Chile têm longa tradição de cooperação artística”, afirma Lorena Sepúlveda, produtora do festival Santiago a Mil.
Sergio Luís Oliveira, que integra a equipe de gerência de ação cultural do Sesc São Paulo, diz ao R7 que o principal objetivo neste ano é ocupar a cidade. “O Mirada é um lugar de troca artística, de interação entre pessoas por meio do teatro”, afirma.
Assim como nas duas edições anteriores, o evento bianual quer fazer parte da geografia de Santos. “A cidade tem arquitetura muito modernista. Isso está presente na identidade visual do Mirada”, diz Hélcio Magalhães, gerente de artes gráficas do Sesc São Paulo. “Queremos chamar a atenção da população”, completa.
Marcos Carvalho, gerente de publicidade e propaganda do Sesc São Paulo revela ao R7 que a acolhida é sentida na compra dos ingressos: “Na última edição, vendemos 20% das entradas no primeiro dia e 80% das compras eram feitas em Santos. Isso sinalizou que a população estava envolvida com o Mirada”.
Mirada no celular, na foto e na Baixada
O tradicional cubo que representava o Mirada foi desconstruído nesta edição. Com três pontas tridimensionais, o totem será espalhado pelos principais pontos de Santos. Nestas estruturas, será possível que o morador baixe a programação no celular.
Luiz Ernesto Figueiredo, o Neto, gerente do Sesc Santos, afirma que o objetivo é ficar mais próximo do povo. “O Mirada começou com um olhar para fora, agora estamos trazendo este olhar para dentro. Queremos que Santos seja retratada nele”. E adianta que, durante os dez dias do evento, 20 coletivos fotográficos vão registrar o Mirada. “Seremos transformados pelo olhar do outro”, espera.
E o teatro do Mirada vai extrapolar as fronteiras de Santos. “Desta vez ele vai a mais seis cidades da Baixada Santista”, conta Isabel Ortega, que integra a curadoria do Mirada, inspirado no Festival de Cádiz, na Espanha. Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, São Vicente e Peruíbe também receberão peças. “O festival cresceu demais nesta terceira edição, mas tenho sensação de segurança, porque a base dele é muito boa”, declara a curadora.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Sesc São Paulo.
Conheça a programação completa do Mirada 2014
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1. Lamento muito por Guilherme Weber! Que a mãe dele descanse em paz!
2. O Mirada foi uma ideia muito bem concebida, a começar pelo ótimo nome, tão latino e plurissignificativo!