Cena Contemporânea chega à 15ª edição: “Festival profissionaliza teatro no DF”, diz Guilherme Reis
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Apesar de ser uma cidade com forte poder aquisitivo, fazer teatro em Brasília sempre foi difícil. Mas os artistas locais são resistentes e, atualmente, a cidade tem um dos mais importantes festivais teatrais do Brasil.
O concreto planejado será invadido pela poesia solta do teatro a partir desta terça (19), quando peça carioca Conselho de Classe será apresentada no Teatro Funarte Plínio Marcos. Ela abre a 15ª edição do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, que acontece na capital federal até 31 de agosto.
São 13 dias de programação com 23 peças vindas da Argentina, da França, da Escócia e da Espanha, além, é claro, do Brasil. “O Cena Contemporânea tem 19 anos de história e completa 15 edições. Hoje, cresceu muito e se comunica com o Brasil inteiro e também com o melhor do teatro mundial”, diz Guilherme Reis, diretor e curador do evento.
Entre as novidades, estão Tomorrow, espetáculo co-produzido pelo próprio Cena Contemporânea em parceria com a Grã-Bretanha e com a Escócia, e a peça La Función por Hacer, da Cia. Kamikaze, eleita uma das melhores peças do teatro espanhol nos últimos 20 anos. Ainda no time de atrações internacionais, está a presença do bailarino e coreógrafo francês Jérôme Bel.
Repercussão na classe artística
Parte do calendário cultural brasiliense, o Cena Contemporânea tem acolhida forte entre a classe artística e a juventude do Distrito Federal. Gente que aguarda ansiosa por sua chegada, como o dramaturgo Sergio Maggio.
— O Cena Contemporânea acentuou o tráfego de espetáculos com processos de pesquisas para Brasília. Antes, essas montagens estavam restritas às programações do CCBB e da Caixa, havendo um domínio das montagens mais comerciais.
Maggio, que é dramaturgo da brasiliense Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro, conta que foi no festival que, no começo dos anos 2000, por exemplo, Brasília viu pela primeira vez um Pret-à-Porter de Antunes Filho. Também foi frequentando uma oficina de dramaturgia no Cena Contemporânea, com o argentino Santiago Serrano, que ele tomou uma importante decisão, como revela ao R7.
— Foi aí que decidi escrever dramaturgia. O Cena foi ajudando a tirar esse atraso cultural, o que fez um imenso bem aos fazedores de teatro e ao público.
Troca entre artistas
De olho em trocas como estas, além das peças, o Cena continua com atividades formativas na programação. Um dos destaques é a oficina de atuação de Cacá Carvalho, que apresenta sua Trilogia de Pirandello no festival. Outras oficinas concorridas são a de dramaturgia com o autor argentino Santiago Serrado, e a de clown com o palhaço argentino Gabriel Chame.
O diretor do festival diz ao R7 que o Cena Contemporânea “é importante na formação de público”.
— Ele trouxe a juventude às salas de teatro. E renova seu público a cada ano. Já estamos com 90% dos ingressos vendidos.
O Cena Contemporânea é uma parceria da Cena Promoções Culturais com a Fundação Athos Bulcão. Entre os patrocinadores, estão Petrobras, Banco do Brasil e Funarte.
Para Guilherme Reis, o evento “influencia e contribui para profissionalizar o teatro de Brasília”. E faz questão de dividir o êxito com sua equipe. “Trabalho há mais de dez anos com a mesma equipe, o que possibilitou que fosse uma equipe especializada e de qualidade”, finaliza.
Conheça a programação completa do Cena Contemporânea 2014!
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