Por MIGUEL ARCANJO PRADO
São Paulo completa 461 anos neste domingo (25). Para antecipar a comemoração, o blog Atores & Bastidores do R7 resolveu convocar um paulistano de apenas 23 anos, mas que já faz um barulho danado no teatro da cidade. O dramaturgo e diretor Marcio Tito Pellegrini aceitou o convite e abre o jogo: revela o que deseja pra SP. Veja só que beleza:
“Mano, no parque do Ibirapuera às vezes toca Tom Jobim, mas neste final de semana vai rolar O Maestro do Canão!
Parque Augusta sozinho não faz verão, mas Parque Augusta e Jardim Suspenso no Minhocão, quem sabe?
Meu sonho para SP é que todos os malucos realizem suas histórias e sonhos. Afinal, como não disse Marx, os malucos são a locomotiva da história.
461 anos depois, estamos aqui.
É certo que somos os primeiros seres humanos a contemplarem e viverem os restos do passado e os projetos de um futuro megalomaníaco.
Num presente feroz, São Paulo quer ser Casa Grande, mas a Senzala vai chegar.
Flávio de Carvalho, o ‘maluco’ do viaduto do Chá, que em 1956 caminhava vestindo saia por entre os homens de sua geração. MALUCO!
E eu, paulista, paulistano, não conheci Flávio, mas sei de outros ‘malucos’ que vestindo saias ou não, lutam por um transporte publico de qualidade com tarifa zero para toda população e ainda argumentam “saúde, transporte e educação não podem gerar lucro para o patrão”. Né, não?
Esperávamos os skates voadores, no entanto, o que temos articula maiores realizações; o primeiro prefeito filósofo do qual tive notícia, e prefeito de onde? De SP, aquela sem amor, ou aquela que tem muito amor, mas que ninguém vê.
Malucos que querem desmilitarizar a polícia truculenta, malucxs contra o machismo que não cansa, malucos democratizando a educação, malucos artistas e malucas escolas de teatro. Malucos poetas, escritores, MC’s.
Que os malucos se encontrem e num parecer exato sobre a modernidade: Revolucionem!
Para São Paulo eu desejo o que já nos acontece, eu quero as elites escutando aquele MC do Grajaú, do Capão, o gosto da burguesia misturado com o gosto da plebe, “Gosto de sentir a minha língua roçando a língua de Luiz de Camões”, assim como gosto de sentir São Paulo roçar a modernidade, de Caetano pra Criolo, de peito aberto, seguindo pela ciclofaixa que fará sentido num futuro próximo, eu sei.
Qual cidade do mundo tem um coletivo apenas com autores de teatro que de tempos em tempos leem publicamente seus textos e ali o que se define é a produção de dramaturgia nova, atuante, e não a encenação, qual? Isso não diz a você que somos a cidade do futuro, com sonhos do futuro e realizações que encheriam os olhos do próprio Molière? Ah, os malucos, os malditos malucos, os Malditos Dramaturgos!
Quando falamos de conquistas falamos de sofisticação da alma, chegarmos longe com nosso aparato humano, indo longe no amor, na arte, na política, na ciência e na filosofia. E vamos!
Sonho com integração, trânsito de pessoas e bom ‘dia com dois beijinhos’.
Mais PicNic e menos ‘passa em casa’.
Mais noite na rua que noite com televisão, São Paulo vai sair, foi saindo, tá vindo, São Paulo começou (a milhão).”
Marcio Tito Pellegrini, paulistano, 23 anos, fundador e dramaturgo do coletivo Tragédia Pop de Teatro
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