Domingou: Não tem água, mas tem Carnaval
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O metrô estava lotado. E era sábado à tarde. Gente cantava marchinhas e sambas-enredos pelos corredores. Em grupo. Estavam todos coloridos de alguma forma. Havia um êxtase constante, presente.
Os transeuntes habituais olhavam com um misto de horror e inveja. De onde vinha aquela gente? Da mesma cidade?
Uma menina andava pelas esteiras rolantes ostentando um cocar indígena na cabeça. Outra preferiu o clássico chapéu de enfermeira.
Um homem, jovem e ousado, botou uma peruca loira. Loiríssima. Tal qual uma Susana Giménez. Outro, ainda mais confrontador, estava de vestidinho, rodado e com bolinhas.
E havia uma magrinha, com cara de bem tímida, que se contentou apenas com um adorno no alto de sua cabeça: chifrinhos de diabinha.
E iam todos, satisfeitos, rumo aos blocos que invadiram a cidade cinza.
Até que, no meio da multidão, eis que surge uma mocinha fantasiada. Entre os 18 e 22 anos. Era uma fantasia tímida, sonsa. Parecia quase indefesa. Não fosse o cartaz que trazia, pendurado no pescoço e roçando seu leve busto: “Cadê minha água?”.
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Espero ver também mobilização se houver passeata pelo “impeachment” de Dilma.