Por MIGUEL ARCANJO PRADO
O ator brasileiro Velson D’Souza realiza o sonho de muitos colegas de profissão: atualmente trabalha na Broadway, em Nova York.
O moço está no elenco da peça I Catch You Dreaming, escrita pelo porto-riquenho Rafael Albarran e que transformou-se em sucesso de público na maior cidade dos EUA, no Teatro Flamboyan.
Na obra, faz o papel de um jovem gay que tem uma família católica e se apaixona por um ator.
A carreira do rapaz em solo norte-americano é cuidada pela agente Ann Steele, além dos menagers da Richard Rosenwald Associates. Ele ainda atua com dublagens na Stewart Talent e na Abrams Agency. Inclusive foi convocado para dublar o craque Neymar na campanha mundial da Nike na última Copa.
Antes de partir para o sonho americano, Velson atuou em espetáculos como o infantil A Odisséia de Arlequino, que levou o Prêmio APCA de melhor elenco, e A Sessão da Tarde, sucesso da Cia. Teatro Rock que ganhou o Prêmio Femsa.
O Atores & Bastidores do R7 conversou com o rapaz sobre o atual momento internacional de sua carreira nesta Entrevista de Quinta. Ele confessou que o ator é mais respeitado nos EUA do que no Brasil.
Leia com toda a calma do mundo.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Como foi partir para o sonho de atuar nos EUA?
VELSON D’SOUZA — Quis fazer um intercâmbio entre as duas culturas. Sempre fui fascinado pela cultura norte-americana. Quando houve a possibilidade de fazer a mudança, não pensei duas vezes. O desafio também me interessou muito.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Você pensa em voltar?
VELSON D’SOUZA — Hoje minha base é aqui em Nova York e tenho projetos neste momento que impossibilitam minha ida ao Brasil. E minha intenção é continuar fazendo o intercâmbio entre as duas culturas aqui nos EUA e executar aqui projetos culturais similares aos que fiz parte no Brasil. Mas recebi sondagens ano passado e esse ano para projetos de cinema e teatro em São Paulo. Seria um prazer poder trabalhar em projetos no Brasil no futuro, não sei quando acontecerá. Tudo depende do projeto e se este se encaixa na agenda daqui.
MIGUEL ARCANJO PRADO — Como foi se adaptar a Nova York? Foi desafiante?
VELSON D’SOUZA — A adaptação leva um tempo. Nova York é uma cidade muito cara e muita gente pensa que Nova York é a Times Square, a Estátua da Liberdade, etc. Nova York é muito mais que isso. Eu acho que a adaptação à culinária e ao estilo de vida de uma cidade que move num ritmo muito superior a uma cidade como São Paulo, por exemplo, são os grandes desafios. Ah! Para brasileiros, diria que com certeza o tempo. Em Nova York você tem a experiência das quatro estações do ano ao extremo. É tremendamente quente no verão e úmido. No inverno, é intensamente frio e seco!
MIGUEL ARCANJO PRADO — Onde percebeu mais dificuldade para um ator: em São Paulo ou em Nova York?
VELSON D’SOUZA — Depende. Cada lugar tem suas dificuldades e é diferente. No Brasil, existem poucas oportunidades para o ator. Produtores sérios passam anos tentando aprovar seus projetos em leis e depois anos tentando captar o dinheiro para realização do projeto. No Brasil, não existe um sindicato sério, que lute de verdade pelo ator. Bom, existir até existe. Acho que o ator no Brasil é muito explorado e pouco reconhecido. E também parece que é cada um por si. O povo só vai ao teatro no Brasil para ver ator famoso. Talvez eu esteja sendo um pouco radical, porém, é extremamente difícil para o ator viver só disso no Brasil. Nos EUA, é um pouco diferente. O ator é muito mais respeitado. O povo vai ao teatro, e eu não estou apenas falando de Broadway. Mas tem muito teatro regional que tem casa cheia todo espetáculo. Sem contar que nos Estados Unidos existem sindicatos para cada área que protegem o ator (não somente atores mas todos envolvidos, diretores, câmera man, etc). Pra você ter uma ideia, o ator que faz um comercial que vai passar em rede nacional tem contrato supervisionado pelo sindicato , SAG-AFTRA, recebe um valor fixo para gravar o comercial, e depois, recebe um valor por cada vez que o comercial passa na TV. O ator aqui é respeitado e protegido. Seria uma maravilha se isso acontecesse no Brasil. Claro que aqui tem suas dificuldades também, porém tem muito mais oportunidades.
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