Satyros volta a Curitiba com peça consagrada
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
Enviado especial do R7 a Curitiba*
Foto ANNELIZE TOZETTO/Clix
A apresentação da peça Pessoas Perfeitas na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba tem um gostinho especial para o grupo Satyros, que completou recentemente 25 anos de história.
Afinal, parte desta trajetória aconteceu na capital do Paraná, onde tiveram sede até 2005. Curitiba é a terra de Ivam Cabral, fundador do grupo ao lado de Rodolfo García Vázquez.
Ambos são autores do espetáculos e levaram o Prêmio Shell de Melhor Autor pelo trabalho. A peça ainda abocanhou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) de melhor espetáculo de 2014 ao lado de O Homem de la Mancha.
Tais credenciais transformam a volta do Satyros consagrado nacionalmente a Curitiba como uma espécie de retorno de Tieta, a personagem lendária de Jorge Amado que volta a Santana do Agreste após enriquecer em São Paulo.
Ivam conta ao Atores & Bastidores do R7 que “é uma volta emocionante” e que sente “uma alegria imensa”. Até mesmo porque as apresentações deste fim de semana no Teatro Paiol são também seu retorno ao espetáculo após tratar um câncer.
“Curitiba é onde tudo começou, onde me criei. Vem minha família inteira ao teatro. E o curitibano tem aquela coisa de se arrumar todo para ir ao teatro, é todo um ritual”, conta Ivam.
O ator ainda se emociona de pisar no palco que foi inaugurado por ninguém menos do que Vinicius de Moraes. “O Paiol é um teatro político, que o Vinicius inaugurou nos anos 70. Para a gente é um palco revolucionário. Fazer esta peça, neste momento do País, é incrível”, declara.
“Arte pela arte já deu”
Marta Baião, atriz da peça, afirma que gosta de trabalhos artísticos que dialoguem com a sociedade atual, como afirma ser o caso de Pessoas Perfeitas.
“Fazer arte pela arte já deu. Temos de ter um teatro que dialogue com a população. A arte tem de dialogar com seu tempo. Vivemos um momento político absurdo e uma conjuntura que não é favorável aos artistas. Precisamos nos mobilizar”, convoca.
A atriz Julia Bobrow, que também integra o elenco de Pessoas Perfeitas, comemora sua segunda vez no Festival de Curitiba: “Vim com Rosa de Vidro e acho muito especial estar aqui de novo. Estava contando os dias. Demos o melhor nosso para essa peça durante o processo, mas não tínhamos expectativa de que seria uma peça tão premiada”.
Outro que vem pela segunda vez é Eduardo Chagas, que já fez a peça Uma Pilha de Pratos na Cozinha no evento ao lado de Mário Bortolotto. O ator revela que participar de festivais enriquece o artista. “É sempre bom sair do nosso nicho. Ver como o espetáculo funciona em outro lugar. E o Festival de Curitiba tem uma enorme repercussão”, conta.
Se Julia e Eduardo vêm pela segunda vez, Fábio Penna, seu colega de elenco, estreia no Festival. “Conhecia já muitos festivais, menos esse. Agora, espero voltar bastante. Adorei” diz.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Teatro de Curitiba.
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Qual a data da apresentação?
Até que enfim a ficha caiu e já tem gente enxergando o óbvio ululante. Adorei ler cada palavra pronunciada, com extrema lucidez, por Marta Baião. E ainda que eu tenha a visão romantizada de “fazer arte pela arte”, concordo absolutamente com as afirmativas dela de que”vivemos um momento político absurdo e uma conjuntura que não é favorável aos artistas” e de que “precisamos nos mobilizar”. Realmente precisamos nos mobilizar. Espero que o “impeachment” seja em breve uma realidade.