Bebês raptados na ditadura argentina são tema da peça Potestad
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
A Argentina vive até os dias de hoje as consequências de uma dor que jamais se acaba. Durante a ditadura no país vizinho, entre 1976 e 1983, crianças filhas de presos políticos foram raptadas de seus pais e dadas para adoção por outras pessoas.
O crime de Estado motivou o movimento das Mães e Avós da Praça de Maio, entidade que até hoje se empenha em localizar o paradeiro das crianças desaparecidas. Mais de cem crianças já foram encontradas.
Tal contexto sociopolítico é pano de fundo da peça argentina Potestad, que ganha montagem no Sesc Pompeia, em São Paulo, com o Ágora Teatro, até 17 de maio. A obra traz os atores Celso Frateschi e Laura Brauer, sob direção de Pedro Mantovani.
A peça polêmica mostra tanto o trauma da perda de uma menina por uma família quanto a alegria do casal infértil e infeliz que adota a criança raptada.
Diálogo com o Brasil
O diretor afirma que a encenação dialoga com a realidade atual do Brasil, país que também viveu uma ditadura militar entre 1964 e 1985, e cujas memórias destes anos sombrios ainda é turva.
Não custa nada lembrar que, nos dias atuais, há brasileiros que vão às ruas pedir a volta dos militares, coisa impensável na sociedade Argentina.
“Nossa Comissão Nacional da Verdade findou seus trabalhos, e a grita dos militares e a indiferença geral impedem que se avence até mesmo na batalha das memórias, que incide diretamente sobre os destinos da política hoje”, diz Mantovani.
Potestad foi escrita pelo dramaturgo, psicanalista e ator argentino Tato Pavlovsky e tem tradução de Betch Cleinmann. Wagner Freire assina a luz, e Sylvia Moreira o cenário e o figurino. O projeto da peça engloba ainda bate-papos com convidados após as sessões dos dias 30 de abril, 7 e 14 de maio.
Potestad
Quando: Quinta a sábado, 21h, domingo e feriado, 19h. 60 min. Até 17/05/2015
Onde: Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, tel. 0/xx/11 3871-7700)
Quanto: R$ 25 (inteira); R$ 12,50 (meia) e R$ 7,50 (comerciários e dependentes)
Classificação etária: 16 anos
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Não apoio a volta da ditadura. Mas também não apoio quem aponta o dedo para quem pede a volta da ditadura para usar como elemento de retórica para apoio do péssimo governo petista a que estamos sendo submetidos. Aliás, com tantos anos do PT no governo, acho que já estamos numa ditadura informal.